O ator francês conhecido por seus papéis em Le Samourai e Purple Noon também gerou polêmica com seu apoio de extrema direita.
O ator francês Alain Delon, visto como um galã por muitos e chauvinista por alguns, morreu aos 88 anos.
O ator de cinema conhecido por papéis principais em clássicos como Purple Noon (1960) e Le Samourai (1967), morreu na manhã de domingo, disseram seus filhos à mídia francesa.
“Alain Fabien, Anouchka, Anthony, assim como (seu cachorro) Loubo, estão profundamente tristes em anunciar o falecimento de seu pai. Faleceu pacificamente na sua casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família”, lê-se no comunicado da sua família à agência de notícias AFP, referindo-se à cidade do centro-norte de França onde passou os últimos anos da sua vida.
O presidente francês Emmanuel Macron foi um dos que prestaram homenagem ao falecido ator, chamando-o não apenas de ator lendário, mas de “monumento”.
“Alain Delon desempenhou papéis lendários e fez o mundo sonhar. Emprestando seu rosto inesquecível para virar nossas vidas de cabeça para baixo”, escreveu Macron no X.
“Melancólico, popular, reservado, ele era mais que uma estrela: era um monumento francês.”
Delon sofreu um derrame em 2019.
No início deste ano, seu filho Anthony disse que seu pai havia sido diagnosticado com linfoma de células B, um tipo de câncer.
A saúde debilitada do ex-ator foi a causa de meses de brigas familiares públicas.
Embora mal aparecesse nas telas na década de 1990, Delon ganhou as manchetes em 2023, quando seus três filhos apresentaram uma queixa contra sua assistente Hiromi Rollin, acusando-a de assédio e comportamento ameaçador.
Antes do derrame debilitante de Delon, ele fez sua última grande aparição pública no tapete vermelho para receber uma Palma de Ouro honorária no Festival de Cinema de Cannes em maio de 2019.
“É uma espécie de homenagem póstuma, mas em vida”, disse ele ao receber o prêmio.
Apoio da extrema direita
A aparência física de Delon foi seu maior trunfo para os cineastas das décadas de 1960 e 70, no auge de sua carreira.
Ele estabeleceu o modelo para um dos tropos favoritos de Hollywood – o assassino misterioso e cerebral – com sua atuação como o assassino silencioso em Le Samourai, de Jean-Pierre Melville.
Diretores de Martin Scorsese e Quentin Tarantino a John Woo de Hong Kong elogiaram o ator, embora o ex-ator francês nunca tenha feito sucesso em Hollywood.
E embora fosse adorado por muitos, também enfrentou muitas críticas.
Ele apoiou o político polarizador Jean-Marie Le Pen, líder da Frente Nacional de extrema direita (mais tarde renomeada como Reunião Nacional), que defende a pena de morte e fala contra a homossexualidade.
Ele também enfrentou polêmica sobre seu relacionamento com as mulheres, já que seus filhos o acusaram anteriormente de violência doméstica.
O autodenominado direitista também foi ridicularizado por seu ego, onde frequentemente falava na terceira pessoa.
Num evento de gala em homenagem a Delon em Cannes em 2019, ele fez uma declaração resumindo suas realizações. “Uma coisa de que tenho certeza é que se há algo de que realmente me orgulho, a única coisa é a minha carreira”, disse ele.
