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A família está no centro das obras do contrabaixista luso-brasileiro Walter Areia. Sua composição mais recente, A décima luauma homenagem ao nascimento do primeiro filho, Nuno, acaba de chegar às plataformas digitais. “Esse assunto surgiu por curiosidade. Eu estava esperando o nascimento do meu primeiro filho e ouvi que, após o 10º ciclo lunar, contando desde a concepção, ele nasceria”, conta.

A décima lua é o terceiro solteiro do projeto Reabraço, que vem sendo apresentado musicalmente, uma a uma, desde 2023. A perspectiva é que todas as músicas façam parte de um álbum a ser lançado no próximo ano. Areia lembra disso A Décima Lua Foi também o título de seu primeiro disco, premiado no Brasil com Rumos, do Itaú Cultural. Infelizmente, por questões burocráticas, o acervo não está mais disponível.

No total, Areia dedicará seis músicas à família. O objetivo, ao seguir esse caminho, é criar, em cada música, uma atmosfera de intimidade e aconchego que, na sua opinião, só um abraço é capaz de proporcionar. Esse repertório, destaca o contrabaixista, soa como “amplexoterapia sonora”. Não só. Em termos técnicos, o projecto Reabraço marca um regresso à forma de composição mais tradicional, mais próxima da canção, em vez da improvisação de trabalhos anteriores.

Além do filho Nuno, o músico reflete, nas suas canções, a influência que recebeu da mãe, uma portuguesa. Esta raiz materna tornou-se mais pronunciada em 2016, quando Areia chegou a Portugal. Foi, para ele, um acontecimento. Por isso, ele não esconde a emoção ao falar sobre seu trabalho atual, que representa uma nova etapa em sua carreira, mas também presta homenagem às suas raízes e à sua família. “Quero que os ouvintes captem a essência desta jornada de emoções”, diz ele.

Parcerias

Ó solteiro A décima lua apresenta participações luxuosas do guitarrista norueguês Steinar Aadnekvam e do pianista Giordanno Barbieri. “Foi um privilégio contar, nesta faixa, estes dois músicos que admiro profundamente”, destaca. E acrescenta: “Sei que esta canção não chega nem perto do que o meu filho, Nuno, merece, mas é o que tenho para oferecer, ao meu primogénito, ao meu Norte. Sem ele a vida seria muito mais difícil.”

Areia participou, durante 14 anos, da banda Mundo Livre S/A, precursora do movimento Manguebeat, com a qual recebeu, em 2005, a Ordem do Mérito Cultural das mãos do então Ministro da Cultura do Brasil, Gilberto Gil. Em 2012, ganhou o Prêmio da Música Brasileira. Além do norueguês Aadnekvam o luso-brasileiro compôs com parceiros internacionais como o saxofonista colombiano Antonio Arnedo e o co-inventor do Afrobeat Tony Allen.

No palco, o contrabaixista se apresentou com Arto Lindsay, Naná Vasconcelos e Alceu Valença. Em Lisboa já se apresentou com artistas como Mara Carlos Menezes Fred Martins Nani Medeiros e Joana Amendoeira. Desenvolveu também workshops, como Música Aberta, no festival Mimo Amarante, e participou na banda sonora de filmes como Dança Perfumada, Manga Amarela e Besouro.

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