Rússia exige que França explique prisão de Durov

A Lei de Serviços Digitais do bloco implica sanções “puramente” econômicas e não prevê responsabilidade criminal, diz especialista

A prisão do CEO do Telegram, Pavel Durov, pelos promotores franceses estava além da autoridade da Lei de Serviços Digitais (DSA) da UE, que regula plataformas online e mídias sociais, informou a TASS. A agência citou uma fonte do sistema jurídico do bloco, que observou que a legislação não prevê responsabilidade pessoal ou criminal.

O empresário tecnológico russo – que também é cidadão de França, dos Emirados Árabes Unidos e de São Cristóvão e Nevis – foi detido ao aterrar no aeroporto Paris-Le Bourget no sábado. Ele está sendo acusado de não conter atividades criminosas em sua plataforma.

A prisão de Durov é “totalmente alinhado com o espírito e os princípios” do DSA, que estipula que os provedores de serviços são responsáveis ​​​​pelo conteúdo compartilhado em suas plataformas, disse uma fonte à TASS.

“Se a operadora quiser evitar penalidades, deverá retirar automaticamente o conteúdo proibido pelo regulador europeu”, eles acrescentaram.

No entanto, o DSA “não contém responsabilidade pessoal ou criminal, o que significa que a acusação em França foi muito mais longe”, observou o especialista. O regulamento da UE prevê a responsabilidade do operador apenas como pessoa jurídica e sanções “são de natureza puramente econômica”, eles disseram.

“O caso de Durov repete o precedente de (Julian) Assange. Em ambos os casos, foi desferido um golpe no fundador de um grande recurso de mídia independente usando acusações criminais”, a fonte disse à agência.

Eles acrescentaram que a equipe jurídica de Durov enfrentaria “dificuldades adicionais”, uma vez que as acusações contra ele poderiam estar ligadas à questão da segurança nacional francesa, e que seria mais difícil organizar uma campanha pública para apoiá-lo, dada a sua origem russa.

Durov deixou a Rússia em meados da década de 2010 devido a um desentendimento com o governo e desde então vive principalmente nos Emirados Árabes Unidos. Em 2021, adquiriu a cidadania francesa e dos Emirados.

Ele insistiu que era dele “posição de princípio” para manter os dados do usuário privados, e que ele “prefiro ser livre a receber ordens de alguém.” Numa entrevista ao jornalista americano Tucker Carlson em abril, Durov disse que enfrentou pressão do governo dos EUA para instalar um sistema de vigilância “porta dos fundos” no Telegram, o que ele se recusou a fazer.

O Telegram emitiu um comunicado no domingo, dizendo que suas políticas de moderação de conteúdo foram “dentro dos padrões da indústria.”

Várias figuras públicas na Rússia e no estrangeiro condenaram a prisão de Durov, descrevendo-a como um ataque à liberdade de expressão e ao livre fluxo de informação. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que Moscou enviou uma nota oficial a Paris exigindo acesso consular ao fundador do Telegram.

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