Hoor Nusseir perdeu os pais, os irmãos e as mãos num bombardeamento israelita em Deir el-Balah.
Deir el-Balah, Gaza – A pequena Hoor Nusseir, com seus olhos medrosos e perplexos, está sentada em uma cama no Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, olhando ao redor.
Ela está sendo tratada depois de ser a única sobrevivente resgatada dos escombros da casa de sua família.
A sua família, incluindo o pai, a mãe e três irmãos, foram mortos quando uma bomba israelita caiu perto da sua casa em Deir el-Balah, em 27 de janeiro.
Hoor tem apenas um ano e meio e tem muito o que se recuperar, pois sua tragédia vai além da perda de sua família.
Os médicos tiveram que amputar totalmente a mão esquerda e os dedos da mão direita. Ela também tem muitos ferimentos na cabeça e nas pernas.
Ela começou a chorar e a tremer ao olhar para as pessoas reunidas à sua volta e a sua tia, Fatima Nusseir, tenta confortá-la.
“Ela está em estado de choque grave e tem medo de rostos desconhecidos”, disse Fátima à Al Jazeera.
A jovem de 24 anos está com Hoor no hospital para cuidar dela enquanto ela está sendo tratada.
“Hoor chora pela mãe a noite toda. Ela diz muitas coisas que não consigo entender, mas entendo quando ela diz: ‘Mamãe! Mamãe!’” Fátima diz em lágrimas.
“Cuido dela o dia todo, mas ninguém substitui a mãe e o pai. Meu coração dói de tristeza por ela.”
Os médicos do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa dizem que Hoor precisa de cirurgias e tratamentos adicionais, alguns dos quais não podem ser encontrados em Gaza, pelo que poderá ter de viajar para, entre outras coisas, receber uma prótese para substituir a mão que falta.
“O que ela suportou é insuportável para qualquer adulto, muito menos para uma criança”, diz Fátima. É difícil distrair ou consolar a criança, dada a natureza dos seus ferimentos.
“Hoor não consegue pegar um brinquedo por causa das amputações”, explica sua tia, tentando encontrar uma maneira de distraí-la.
“Perder uma mão em tenra idade, junto com sua família, especialmente sua mãe, é devastador.”
Hoor costumava ser uma criança alegre e sociável, diz Fátima. Mas agora, sua saúde mental sofreu muito e ela enfrenta dificuldades com a presença de outras pessoas ao seu redor.
Ela chora quase sem parar e é difícil acalmá-la.
“Hoor ainda não foi desmamada, então ela dependia ainda mais da mãe.
“Por que esta criança deveria sofrer tal perda quando precisa desesperadamente dos pais?” Fátima lamentou.
