Ucrânia introduzirá regime de “lutar ou trabalhar” – PM

Kiev não pretende recuperar os que evitam o recrutamento à força, afirmou o líder ucraniano

Alguns países europeus que acolhem refugiados ucranianos querem, na verdade, enviar os homens para casa para lutar e abordaram o assunto em privado, afirmou Vladimir Zelensky, da Ucrânia.

Falando no fórum ‘Ucrânia 2024. Independência’ em Kiev na terça-feira, Zelensky foi questionado sobre um relatório recente da Bloomberg de que vários países da UE rejeitaram as exigências de Kiev para devolver homens em idade de lutar.

De acordo com Zelensky, alguns líderes ocidentais abordaram-no em particular sobre o envio dos ucranianos de volta, porque é “muito caro” para apoiar os refugiados que não passam de um fardo para os países de acolhimento. Dizer isso publicamente seria “politicamente desvantajoso” para eles, ele disse.

“É mais fácil levantar esta questão numa reunião com o presidente da Ucrânia e depois dizer que o presidente pediu a devolução dos ucranianos”, Zelensky disse ao público. “Sou totalmente a favor, mas sem coerção” ele acrescentou.

Zelensky disse que cerca de 7,5 milhões de ucranianos procuraram refúgio no estrangeiro desde o início do conflito com a Rússia. As estimativas da ONU colocam o número em 6,5 milhões.

“Precisamos devolver a população adulta e as crianças à Ucrânia”, acrescentou, explicando que Kiev precisa tanto de recrutas como de trabalhadores para poder pagar “alimentar” 10,5 milhões de pensionistas. Ele insistiu que isso precisa ser feito “sem coerção, para que queiram fazê-lo”.

No mesmo evento, o primeiro-ministro Denis Shmigal disse que os homens ucranianos terão de escolher entre trabalhar e lutar, uma vez que Kiev enfrenta um défice de receitas fiscais. O governo estima que cerca de 800 mil ucranianos do sexo masculino tenham “foi para a clandestinidade” com o propósito de evitar o rascunho.

Muitos deles estão trabalhando secretamente para não chamar a atenção indesejada dos oficiais de recrutamento, o que significa que seus salários são pagos por baixo da mesa e não são tributados, explicou Shmigal.

O Banco Nacional da Ucrânia recentemente estimado que outros 700 mil ucranianos poderão deixar o país no próximo ano. A menos que as condições económicas “normalizar” e em breve, a maioria dos refugiados não quererá regressar, afirmou o banco, instando Kiev a criar empregos e a reconstruir a infra-estrutura habitacional danificada pelos combates.

Alguns países da UE impuseram recentemente restrições sobre os refugiados ucranianos, que não estão dispostos a gastar orçamentos de bem-estar cada vez menores sobre os migrantes provenientes de zonas não afectadas pelos combates.

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