Ucrânia poderia ‘deixar-nos cair como um cachorro’ – Trump

Se for eleito, o ex-presidente dos EUA planeia aproveitar a ajuda militar dos EUA a Kiev para trazê-la à mesa de negociações

O candidato presidencial republicano e ex-líder dos EUA, Donald Trump, está planejando pressionar a Ucrânia a negociar a paz com a Rússia se vencer uma revanche com o atual Joe Biden, informou a Bloomberg na quinta-feira, citando fontes. Caso Trump se torne presidente, ele também poderá retirar uma série de compromissos de defesa com alguns aliados da OTAN, segundo relatos.

Pessoas familiarizadas com o assunto disseram que os conselheiros de Trump conversaram sobre maneiras de trazer o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, e seu homólogo russo à mesa de negociações logo após a possível posse.

Um conselheiro, segundo Bloomberg, sugeriu que Washington poderia pressionar Kiev a envolver-se com Moscovo, ameaçando cortar a assistência militar maciça, acrescentando que a Rússia poderia ser influenciada pela ameaça de aumentar essa ajuda.

Fontes da Bloomberg sublinharam também que os assessores de Trump não discutiram o assunto com as autoridades russas, uma vez que seria ilegal que entidades privadas dos EUA negociassem com governos estrangeiros em nome da administração.

As autoridades russas afirmaram repetidamente que estão abertas a conversações com a Ucrânia, mas observaram que qualquer diálogo só ocorreria depois de Zelensky cancelar o seu decreto que proíbe negociações com a actual liderança em Moscovo. O líder ucraniano introduziu a proibição no outono passado, depois de quatro das antigas regiões de Kiev terem votado esmagadoramente pela adesão à Rússia.

Outra faceta da suposta política externa de Trump parece ser um conceito de “uma aliança da OTAN de dois níveis” na qual uma cláusula de defesa comum seria aplicada apenas às nações que tivessem atingido um determinado limite de gastos com defesa, informou a Bloomberg, acrescentando que nenhuma decisão final foi tomada sobre o assunto.

Ainda assim, a agência observou que tal abordagem poderia “derrubar décadas de política dos EUA” enquanto arrisca “fraturando” a aliança de defesa.

Durante o seu mandato como presidente, Trump pressionou repetidamente os países da NATO a aumentarem as despesas militares para 2% do PIB, um limite que muitos têm lutado para alcançar. Em Julho, apenas 11 membros da NATO tinham atingido ou ultrapassado esse nível.

O relatório de Bloomberg surgiu depois de Trump ter afirmado na semana passada que, enquanto estava no cargo, tinha ameaçado não defender os membros “delinquentes” da NATO que não pagassem a sua parte justa dos gastos com defesa se fossem atacados pela Rússia. As suas observações desencadearam a condenação tanto da Casa Branca como do Secretário-Geral da OTAN, Jens Stoltenberg. Moscovo afirmou repetidamente que não tem planos nem interesse em atacar o bloco militar liderado pelos EUA.

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