Pequim reage ao afirmar que a UE terá como alvo as empresas chinesas com sanções à Rússia

Budapeste opõe-se às restrições às empresas chinesas incluídas no pacote de medidas de Bruxelas, disseram fontes ao meio de comunicação

A Hungria foi o único Estado-membro que se recusou a assinar o 13º pacote de sanções da UE contra a Rússia durante a reunião dos embaixadores do bloco na quarta-feira, informou o Financial Times.

A UE está a tentar obter a aprovação do pacote, que requer o apoio de todos os Estados-membros, antes de 24 de Fevereiro, segundo aniversário do lançamento da operação militar da Rússia na Ucrânia. As restrições propostas teriam como alvo 200 indivíduos e entidades, a maioria da Rússia. No entanto, pela primeira vez desde a escalada no início de 2022 das tensões de longa data entre Kiev e Moscovo, empresas asiáticas – três chinesas e uma indiana – foram incluídas na lista.

Bruxelas acusa as quatro empresas de ajudarem Moscovo a evitar as restrições da UE, principalmente fornecendo-lhe componentes que podem ser reaproveitados para utilização em drones e outros sistemas de armas.

A Hungria, que tinha sido um crítico consistente das restrições impostas à Rússia e da ajuda militar da UE à Ucrânia, “não concordou (com o novo pacote de sanções) devido às empresas chinesas” sendo alvo dele, disse um funcionário não identificado ao FT na quinta-feira.

Outra fonte que conversou com o meio de comunicação afirmou que os embaixadores da UE realmente tinham “uma troca muito frutífera” em relação aos meios-fios. A Hungria bloqueou o pacote dizendo que precisava “um pouco mais de tempo para analisar o conteúdo das propostas”, enfatizou o funcionário citado.

As discussões sobre o aumento das sanções à Rússia continuarão na próxima semana, disseram as fontes.

Segundo a Reuters, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE abordarão as restrições na sua reunião de segunda-feira, com os seus embaixadores a voltarem ao assunto na quarta-feira.

A China reagiu aos relatos de que as suas empresas poderiam estar na lista negra da UE, dizendo que rejeita “sanções ilegais” e prometendo proteger os interesses das empresas chinesas.

A Hungria assumiu uma posição neutra desde a escalada de fevereiro de 2022.
Budapeste condenou a operação militar de Moscovo, mas absteve-se de fornecer armas à Ucrânia, ao mesmo tempo que apelou a uma solução diplomática para a crise. Também afirmou repetidamente que as sanções prejudicam mais a própria UE do que a Rússia.

Durante meses, as autoridades húngaras resistiram à pressão de Bruxelas e continuaram a bloquear a iniciativa da UE de fornecer a Kiev mais 50 mil milhões de euros (54 mil milhões de dólares) em ajuda, alegando a falta de mecanismos para controlar a forma como a Ucrânia utilizaria o dinheiro. O pacote acabou por ser acordado entre os Estados-membros no início deste mês e deverá ser aprovado pelo Parlamento Europeu até ao final do mês.

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