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Realizado neste sábado, o Dia do Brasil é um dos principais eventos para os brasileiros em Braga. Barracas com comidas de diversos estados, música, diversão, convívio e futebol. Alexandra Gomide, presidente da Associação AIUque organiza o Dia do Brasil, conta como as pessoas se sentem em relação ao evento. “É estar no Brasil. É o que mais ouço aqui. Há brasileiros que estão em Braga há 20 ou 30 anos e dizem que nunca sentiram tanto pelo Brasil como hoje”, relata.
Ela atribui a conexão que as pessoas sentem à forma como o evento é organizado. “As pessoas vão às barracas e têm a comida do estado, o sotaque do estado, as roupas do estado. Isso é muito forte”, diz ela.
Aqui estão alguns dos brasileiros que participaram do Dia do Brasil.
Chamado divino
Milena Ferreira, 28 anos, pernambucana, saiu de Recife e veio para Portugal há oito meses. “Vim com um propósito pessoal. Foi por causa da minha fé. Foi um chamado de Deus. Queríamos sair do país e, através de um sonho, Deus nos confirmou. Escolhi Portugal porque tenho família aqui”, diz Milena, que não quis tirar foto.
No Brasil, ela era empresária de colchões e hoje é dona de casa. Quando questionada sobre como ela se vê daqui a cinco anos, ela responde. “Tenho formação como contadora e gestora financeira e estou aberta e disponível para o que surgir no meu caminho”, afirma.
vida tranquila
Marcelo de Biasi, 52 anos, paulista, está em Braga há seis anos, após deixar a operadora de cartão de crédito Cielo. “Saí da empresa para vir para cá. Foi pela qualidade de vida. No Brasil trabalhei muito, ganhei bem, mas não vivi. Além de tudo, havia insegurança”, enfatiza.
Um dos motivos pelos quais ele decidiu sair foi sua família. “Achávamos que nossos filhos tinham idade suficiente para fazer a mudança. Eles tinham 14 e 9 anos”, acrescenta.
Comparando Braga com São Paulo, prefere a cidade portuguesa. “Gosto muito da cidade. Tem de tudo, mas é pequeno. Não falta nada. Tem muita coisa para fazer que não tem em São Paulo, muita coisa de graça. Não tem muito o que fazer lá, a não ser ir ao shopping”, finaliza.
Agente de viagens
A belenense Valéria Borges, 32 anos, estava em uma barraca com panfletos da agência de viagens em que trabalha. “Vim para Portugal porque já estava nos meus planos mudar para um país com melhor qualidade de vida do que a que tinha no Brasil”, lembra.
No Pará, ela já trabalhou em uma agência de viagens. Em Braga, diz que ganhou qualidade de vida, segurança e poder de compra. “O salário aqui não é dos mais altos, mas tenho um poder de compra que não tinha no Brasil. Vejo impostos aplicados aqui nas ruas, na segurança. Aqui posso fazer uma compra mensal sem gastar metade do meu salário, como aconteceu no Brasil. Então valeu a pena vir”, diz ela.
Mais barato
De mãos dadas, o casal Gabriela Pereira e Vítor Dias escolheu Portugal como segunda opção. “Íamos para o Canadá, mas decidimos vir para Portugal por causa do custo. No Canadá era preciso ter R$ 150 mil (25 mil euros) e, em Portugal, apenas R$ 15 mil (2,5 mil euros), o equivalente a três salários mínimos”, afirma Gabriela.
Atualmente, Gabriela trabalha como operadora de máquinas na Bosch, em Braga – no Brasil, era monitora de câmeras de segurança. Vítor, em Portugal, dirige um carro de aplicativo. “No Brasil, ele foi professor de luta, empresário, professor de educação física”, diz.
Gabriela explica porque escolheram Braga. “Braga está mais calmo, tem mais segurança. Fugimos do Porto e de Lisboa. Sabíamos que estas cidades eram muito movimentadas e muito grandes”, acrescenta Vítor.
Melhore sua vida
Há seis meses, em Braga, Maurício dos Santos, 35 anos, baiano, deixou o emprego em um supermercado em Porto Seguro. “Vim buscar uma oportunidade melhor, para ter mais qualidade de vida”, destaca.
Ao contrário de muitos brasileiros em Braga, diz que não veio por segurança. “Em Porto Seguro não existe esse problema”, afirma.
Atualmente trabalhando como operador de produção, Maurício avalia a mudança para Portugal. “Foi muito melhor, aqui há oportunidades de conseguir coisas se trabalharmos. Lá não houve. O único arrependimento que tenho é de não ter vindo antes”, acrescenta.
Aulas de piano
Há seis anos e meio, a pianista Fernanda Machado, 47 anos, trocou Pelotas por Braga. “O que nos fez vir foi a segurança. Pelotas tornou-se uma cidade muito perigosa. Tenho um filho de 11 anos e queríamos um ambiente onde ele pudesse crescer sem andar com medo na rua”, lembra ela.
Agora, Fernanda trabalha dando aulas de piano para portugueses e online para outros países. “Tenho alunos nos Estados Unidos, Canadá, Brasil, França, Itália. Não dependo da economia local”, explica.
Casado
Liana Leonel, 59 anos, mineira, deixou Belo Horizonte por amor há cinco anos. “Não por causa do trabalho. Casei, foi meu segundo casamento, e meu marido é filho de um português, que mora em Portugal há 20 anos”, diz ela.
No Brasil, deixou duas filhas, amigas e duas netas. “O que mais sinto falta são das minhas netas”, diz ela.
Trabalhando como esteticista em Portugal, mesma profissão que tinha no Brasil, ela diz estar feliz com a mudança. “Em Braga tenho tranquilidade, qualidade de vida, qualidade do ar e paz. É muito melhor que no Brasil”, enfatiza. .