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Eventos extremos como os observados há poucos dias em Portugal, quando ventos fortes causaram danos em vários locais, serão cada vez mais frequentes. Neste ambiente imprevisível, a prevenção é um factor chave na redução dos danos. E isso vale para tudo. A brasileira Eloísa Caram, de 55 anos, e o namorado, Victor Schneider, de 58, residentes em Braga, deixavam sempre os carros num parque de estacionamento público perto de casa. Eles nunca poderiam imaginar que uma árvore cairia sobre os dois veículos ao mesmo tempo. Foi o que aconteceu na quarta-feira, 9 de outubro.

“A árvore caiu sobre os carros por volta das 5h30 da manhã. Foi um grande susto. Ninguém espera isso”, diz Eloisa. Ela, porém, está totalmente protegida: seu carro está totalmente segurado. Já para Victor, apenas seguro obrigatório contra danos a terceiros. Ou seja, ele terá que arcar com os danos causados ​​pela natureza. “Meu carro é muito antigo, de 2011. Na verdade, foi muito difícil encontrar uma empresa que aceitasse seguro para o veículo. Consegui, mas foi bem caro: 730 euros (R$ 4.380), parcelados em 12 vezes”, conta. “No caso do meu namorado, é um modelo muito novo, um SUV. Pelo menos o prejuízo dele foi de 2 mil euros (R$ 12 mil)”, completa.

Agentes da Defesa Civil derrubaram árvore que caiu sobre carros de dois casais brasileiros em Braga
Arquivo pessoal

Quando avaliado, o carro de Eloísa custava R$ 3,9 mil (R$ 23,4 mil), o seguro, portanto, correspondia a quase 20% desse valor. O ex-funcionário do banco, que está em Portugal há cinco anos, acredita que o veículo foi uma perda total. A seguradora, porém, ainda não bateu o martelo, mas concedeu-lhe um carro reserva por cinco dias, prazo que termina nesta terça-feira (15/10), quando se espera uma definição de indenização. “Felizmente sou daqueles que tem seguro para tudo, inclusive roubo de telemóvel, apesar de este tipo de crime não ser comum em Portugal. Prefiro estar protegido”, enfatiza.

Victor ainda espera que os danos causados ​​pela árvore sejam compensados ​​pela Câmara Municipal de Braga, por se tratarem de fenómenos naturais. Tudo está em discussão. Ele optou por fazer apenas o seguro obrigatório porque era caro. “São escolhas de acordo com a visão de cada pessoa. Recomendo sempre fazer seguro de carro, casa e saúde. Fui banqueiro durante a maior parte da minha vida e aprendi que seguro não deve ser usado. Mas, se você tiver e acontecer alguma coisa, você se sente protegido”, pontua Eloísa.

Consultor de seguros, Fernando Amorim afirma que há desconhecimento dos brasileiros sobre as regras de seguros em Portugal
Arquivo pessoal

Ignorância

Fernando Amorim, consultor de seguros, diz que muitos brasileiros, ao chegarem a Portugal, ficam perdidos na hora de decidir se fazem ou não um seguro integral para seus carros. “Há, em grande medida, um desconhecimento sobre como funciona o seguro automóvel”, sublinha. Explica que, em Portugal, todos os veículos devem ter seguro obrigatório de responsabilidade civil contra danos a terceiros. O limite de cobertura para danos materiais é de 1,3 milhão de euros (R$ 7,8 milhões). No caso de lesões corporais, o limite é de 6,4 milhões de euros (R$ 38,4 milhões). É dentro destes valores que, em caso de sinistro, as seguradoras definem a indemnização.

Outros seguros são opcionais, e o interessado pode escolher quais coberturas deseja em suas apólices. Existem seguros contra roubos, colisões, eventos naturais, entre outros. “As pessoas podem escolher se querem um ou dois recheios ou o pacote completo. É importante deixar claro que isso tem um custo e, para alguns, pode ser elevado”, acrescenta Amorim. O preço final depende também de outros fatores de risco, como, por exemplo, o histórico do motorista, se ele faz seguro com frequência, se nunca fez seguro antes, onde mora, que modelo de carro é”, enumera. Por isso, é fundamental obter orçamentos de diferentes empresas para identificar qual produto se adapta melhor ao orçamento e às necessidades de cada pessoa.

Existem outras regras que quem vem do estrangeiro e que se têm tornado cada vez mais comuns em Portugal desconhecem. “Por exemplo, se o carro for importado, adquirido na Alemanha e registado em Portugal, as seguradoras só aceitam o seguro opcional após quatro anos da legalização do veículo no país. Mas o seguro obrigatório, que corresponde ao DPVAT no Brasil, vale para todos os carros”, destaca o consultor.

Há também a questão da franquia. O valor é definido entre o cliente e a seguradora. E quanto menor a franquia, maior será o custo do seguro, pois o risco está sendo repassado para a empresa. “Se os custos de resolução de problemas do automóvel, provocados ou não por sinistro, forem superiores à franquia, a seguradora assume a diferença, ou seja, o cliente paga o valor acordado e a empresa, o que ultrapassar esse limite”, afirma. “Diante de tantos detalhes, é importante consultar um profissional especializado para não cometer erros”, aconselha.

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