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Empreender é um verbo que fascina os brasileiros. Muitos vêem esta acção como uma forma de libertação geral, dos patrões, das exigências, da subordinação. E uma das formas mais populares de possuir seu próprio negócio é por meio de franquias. Não que seja um caminho mais fácil para o sucesso, mas por ser um caminho mais bem estruturado, os riscos são diluídos. Dados da Associação Portuguesa de Franchising (APF) mostram que 80% das empresas originárias de franchising sobrevivem nos primeiros cinco anos.

Existem muitas regras para evitar o insucesso, afirma Cristina Matos, secretária-geral da associação. “A primeira dica para quem quer abrir uma franquia é se perguntar em quais segmentos não quer atuar. É fundamental, pois o negócio escolhido precisa ter relação com quem vai empreender”, ele afirma. A escolha deve envolver uma bom modelo de negócioso tamanho do investimento a ser feito, onde ficará a franquia, quem fará o quê. “São regras básicas, mas às vezes não são observadas com os critérios necessários”, enfatiza.

Do lado do franqueador, também há questões importantes a serem seguidas. Não adianta uma marca conceder franquias como se não houvesse amanhã se, mais tarde, o negócio vai fechar. “Isso compromete muito a imagem”, diz Cristina. Por isso, as empresas avaliam muito bem quem se propõe a levar sua marca adiante. Muitas vezes até dizem não. Este processo é tão rigoroso que, em alguns casos, pode demorar até um ano para dizer sim.

“Em geral, as negociações levam de dois a seis meses, mas tudo depende de como os dois lados se entendem e se haverá corresponder”, reforça. “Franchising é como um casamento, os dois lados precisam estar juntos no mesmo caminho. O franqueado deve cumprir com suas obrigações no relacionamento e o franqueador deve dar suporte para que todas as pontas estão amarradas”, ressalta.

Cristina Matos, da Associação Portuguesa de Franchising, diz que é possível começar uma franquia a partir de R$ 5 mil
Arquivo pessoal

Hoje, detalha o diretor da APF, é possível iniciar uma franquia a partir de 5 mil euros (R$ 30 mil). Este é um negócio muito pequeno, que não gerará grandes receitas no início. “Não adianta pensar que a operação resultará em renda para garantir uma boa remuneração ao empresário, sua esposa e qualquer outra pessoa da família. Não é bem assim”, alerta.

Cristina destaca ainda que é fundamental que o empresário invista pelo menos parte do seu próprio dinheiro para iniciar o negócio, para ter a sensação clara de que é dono dele. “Quanto mais recursos o franqueado colocar, melhor, pois não ficará dependente, por exemplo, de empréstimos bancários, que todos sabem como são”, afirma.

Brasileiros ousados

Os brasileiros em Portugal, acredita o representante da Associação de Franchising, têm se destacado no empreendedorismo por meio de franquias. “Normalmente, eles são mais ousados ​​e dispostos a correr riscos”, afirma. Mas isso em nada diminui a precisa manter os dois pés no chãoseguindo um roteiro pré-determinado, sem prejudicar sua capacidade financeira, acreditando que investiu dinheiro e pronto. Há um período de maturação. Durante este período, é necessário capital de giro para cobrir todas as despesas.

Cristina ainda conta que, na feira que será realizada pela associação nos dias 18 e 19 de outubro, diversas empresas brasileiras estarão presentes para oferecer oportunidades aos interessados ​​em empreendedorismo. “Teremos marcas vindas do Brasil, como a Lavateria, que tem 500 pontos no país e está em processo de internacionalização, e empresas que nasceram em Portugal, mas são de propriedade de brasileiros, e vêm se expandindo de forma muito consistente”, ele acrescenta. A feira, que terá lugar no Pátio da Galé, em Lisboa, contará com mais de 50 expositores.

Entre os setores económicos que mais se têm destacado em Portugal estão o franchising turístico, os supermercados, a alimentação, o apoio domiciliário e o imobiliário. “Há uma grande diversificação entre os participantes da feira. O interessante é que haverá espaço para experimentação. Os participantes poderão vivenciar na prática como é o negócio que desejam ter”, destaca. Eles também aprenderão termos técnicos do mundo dos negócios, como empatar e vingança. O primeiro significa o ponto de equilíbrio, quando a receita gerada pelas operações já é suficiente para cobrir as despesas. A segunda é quando o retorno do negócio passa a cobrir os investimentos realizados.

Cristina, filha de pais portugueses que nasceu em Angola, viveu na África do Sul e no Brasil, dá especial atenção aos imigrantes empreendedores. Segundo ela, o maior desafio é ter apoio para tomar as medidas necessárias. “Geralmente não conhecem a legislação portuguesa, não têm redes de relacionamento, nem sabem lidar com o sistema bancário. Portanto, a opção pela franquia parece ser mais segura”, afirma.

Ela acrescenta: “O franqueado deve estar comprometido com o negócio, motivado, defender sua empresa, saber trabalhar em grupo e liderar equipes”. Essas dicas se aplicam a todos, independentemente da nacionalidade. O dinheiro, como sabemos, não aceita insultos.

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