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A proposta de Orçamento do Estado para 2025, que foi entregue pelo Governo à Assembleia da República de Portugal, na última quinta-feira (10/10), traz uma alteração no que diz respeito à arrecadação de impostos para quem tem até 35 anos.

Pensada para manter no país os jovens portugueses que emigram cada vez mais e trazer de volta os que já partiram, a proposta inclui também os brasileiros e outros estrangeiros que tenham residência fiscal e vivam em território português — isto significa que devem permanecer em Portugal durante pelo menos 183 dias por ano.

A proposta prevê que, no primeiro ano de vigência da medida, os jovens, independentemente de serem brasileiros ou não, não pagarão Imposto de Renda (IR). No segundo, terceiro e quarto anos, o IR a pagar corresponderá a 25% do valor que os demais contribuintes, com os mesmos rendimentos, terão de repassar ao Governo. No quinto, sexto e sétimo anos, a parcela contributiva será de 50%. E, no oitavo, nono e décimo anos, a alíquota subirá para 75% do imposto normal.

Na proposta de lei que estará em discussão no Parlamento até ao final do próximo mês, só é considerado para o desconto o que um indivíduo até aos 35 anos recebe de salário através de contrato de trabalho ou de remuneração de trabalho independente (com recibos verdes). . , que, no Brasil, seria chamado de autônomo. Receitas de aluguéis, pensões e outras não entram nesta conta.

Só pode beneficiar do desconto quem recebe menos de 28.009,30 euros (R$ 168.055,80), valor que é 55 vezes o Indexante de Apoios Sociais (IAS), valor estipulado pelo Governo como referência para o seguro-desemprego, abonos de família e pensões . . Em 2024, o IAS era de 509,26 euros (R$ 3.055,56).

Renda do trabalho

Se aprovada, a redução de impostos não será apenas para o primeiro emprego. Se uma pessoa com menos de 35 anos já estiver a trabalhar em Portugal, enquadrar-se-á na faixa de redução de impostos correspondente aos anos em que trabalhou e pagou impostos. Por exemplo, se você paga impostos há três anos, terá uma redução de 75% no valor a pagar, mudando de faixa ao completar o quinto ano.

Só será contabilizado o tempo de trabalho em Portugal. Mesmo que o contribuinte já tenha pago impostos em outro país, ele poderá se beneficiar do desconto integral.

Segundo o tributarista Fábio Pimentel, do escritório CPPB Advocacia, a proposta não deve atingir o objetivo do governo de reter jovens brasileiros no país. “Acho que a medida é boa, mas não é suficiente. Portugal tem uma série de políticas públicas para reter os jovens. Tem o programa Porta 65, que paga parte do aluguel, tem o programa de reembolso de mensalidades da faculdade. Isso é Não é por isso que os jovens vão ficar no país. É preciso mudar a política salarial”, afirma.

Compara-se com os salários de outros países europeus. “Se um jovem recebe 1.200 euros por mês (R$ 7.200), no primeiro ano ele não pagará nada. Isso seria um ganho de 240 euros (R$ 1.440) por mês. vai ganhar mais que essa diferença e, quando passarem os 10 anos, vai se arrepender de não ter saído do país”, afirma.

Situação atual

Até agora, há uma redução de impostos para os jovens, mas apenas por quatro anos. No primeiro ano de contribuições não há pagamento de impostos. No segundo ano, a alíquota é de 25% do pagamento normal; no terceiro, 50%; e, na quarta, 75%.

Até 2024, o limite de idade para entrar no IRS como jovem era 30 anose o valor máximo da renda que pagava menos impostos diminuía de ano para ano. No primeiro ano foram 19.217,20 euros (R$ 115.303); caindo para 14.412,90 (R$ 86.477,40) na segunda; 9.608,60 (R$ 57.651,60) no terceiro; e 4.804,30 euros (R$ 28.825,80) no último.

Outra limitação da regra ainda em vigor é que os jovens só podem beneficiar da redução do imposto no ano seguinte à conclusão do ensino secundário (12.º ano, em Portugal). Com a nova legislação, esta regra cairá.

Pimentel critica o fim da exigência de escolaridade. “Isso é bom para o país? Não é um incentivo para as pessoas não estudarem?”, questiona.

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