Carlos Soler, em MARCA: “Queria jogar no Premier desde que vi no Canal+”

Depois duas temporadas complicadas em Parisembora cheio de aprendizado, Carlos Soler (Valência, 1997) recebeu um telefonema de Julen Lopetegui para colocar a cereja no topo do bolo de seu novo projeto no West Ham. A assinatura só foi fechada nos últimos minutos do ‘Deadline Day’. Mas depois de pouco mais de um mês de adaptação à cidade o clube e seus novos companheiros Ele está totalmente preparado para enfrentar esse novo desafio na carreira e aproveitar ao máximo o ano emprestado na Premier League. Hoje, depois da última vitória frente ao Ipswich, os ‘martelos’ eles visitam o Tottenham no clássico de Londres.

Perguntar. Sua contratação pelo West Ham foi fechada no último minuto. Como você viveu esses dias?

Responder. Já estávamos negociando. Mas quando me disseram que eu poderia viajar, fiquei ainda mais aliviado… e acabei assinando 15 ou 20 minutos antes do fechamento do mercado. Na verdade, o contrato só chegou cinco minutos antes. Eu estava com minha namorada e meu representante. Calmo… mas ao mesmo tempo não. Estava tudo fechado, mas se não chegar…

P. Sinto que você queria sair de Paris.

R. Sim, a verdade é. Nunca recebi nenhuma notícia do clube ou do treinador de que queriam me tirar. Mas sabia que o último ano tinha sido complicado pelos minutos que joguei e estou numa idade muito boa (27) em termos de maturidade para gostar de futebol. Queria um novo desafio, sair e jogar na Premier. Sempre assisti no Canal+ quando era pequeno e sempre me chamou a atenção. Além disso, poder estar aqui, numa cidade como Londres, é uma nova aventura que tenho certeza que, quando chegar a minha vez de me aposentar (espero que daqui a muito tempo), lembrarei e ficarei muito feliz por ter vindo. .

P. Mas o PSG contava com você. Ele ainda foi convocado para o primeiro jogo contra o Le Havre. Luis Enrique foi claro com sua situação?

R. Eu insisto. Luis nunca me disse que ia brincar pouco ou que não contava comigo. Mas sou inteligente o suficiente para conhecer o nível do PSG e sabia que seria difícil conseguir minutos. Obviamente, estava disposto a dar tudo para tentar jogar onde fosse preciso, seja como lateral ou como meio-campista. É verdade que fui convocado para o primeiro jogo. Mas quando as coisas progrediram, acho que depois de um segundo eu não fui. Mas em nenhum momento, como digo, me deixaram de lado ou me afastaram. A relação com Luis Enrique não mudou nada.

P. Nesses dois anos em Paris, aliás, você dividiu um time com seu amigo Sergio Rico. Você ficou animado para vê-lo jogar novamente?

R. Vimos sua estreia no Catar na nova casa em Londres. Alba, sua esposa, nos contou que ele tocava e começamos a assistir. Fiquei muito emocionado porque naquele momento do acidente eu estava muito próximo dele pela relação que nos une. Nunca sabíamos se ele seria capaz de jogar novamente. Mas, no final das contas, a vida tem essas coisas e, na verdade, você também acabou de virar pai. Com trabalho, porque ele também conquistou treinando sozinho, conquistou essa oportunidade e tenho certeza que vai se sair bem no Catar.

P. Como está a sua adaptação ao Premier?

R. Chegar no último momento não é a melhor situação, mas foi assim que aconteceu. Fazer a pré-temporada dá uma vantagem na hora de conhecer os companheiros e o treinador, embora eu já conhecesse o Lopetegui. Cheguei e rapidamente jogamos contra o Fulham, depois tivemos o Carabao contra o Liverpool, que perdemos. Fomos atingidos por uma sequência difícil. Também tive que morar em um hotel durante o primeiro mês. Mas esta semana já estou de apartamento novo. Estou me adaptando bem. Estou gostando muito de Londres, pois tem muitas semelhanças com Paris. Estou feliz e ansioso para entrar na dinâmica.

P. Como Lopetegui o convence? Que papel você tem em mente para si mesmo?

R. Ele me disse que precisava de um jogador com o meu perfil. Com ida e volta, capacidade de chegada, isso pode ajudar na construção… Achei que não tinham ele na equipe. Ele me disse que eles estavam construindo um bom projeto. No primeiro contato eles tinham feito apenas duas contratações e acabamos fazendo sete ou oito. Fiquei seduzido pela ideia de poder integrar uma nova equipa em construção e com um treinador que conhecia. É verdade que também há muita competição (Edson, Soucek, Guido, Paquetá…), mas ele também me disse que a minha versatilidade poderia me permitir jogar em diferentes posições e acho que isso me beneficia.

P. Sim, mas essa versatilidade o beneficia ou prejudica porque você não está fixo em nenhuma posição?

Resposta: Há momentos em que você questiona isso. Acima de tudo, quando você não está no onze porque não tem uma posição fixa. No primeiro ano com Marcelino joguei como ala porque o meio-campo estava muito bem coberto com Parejo, Kondogbia ou Coquelin. Sem essa versatilidade, talvez eu não conseguisse jogar. No PSG muitas vezes tive que jogar como ala, embora no ataque sempre tenha usado o pivô duplo como faz Achraf. Mas, olhando em perspectiva, acho que me ajudou mais do que me prejudicou.

P. Você também pode jogar como meio-campista. Dá para ver aí ou Paquetá é intocável?

R. Nos treinos e em alguns jogos entrei como ’10’. Julen também valoriza esse trabalho defensivo para jogar ali. No dia do Liverpool jogamos 1-4-4-2 sem bola e fechei as linhas de passe com Dani Ings na frente. Mas, além do trabalho defensivo, diz-me que nessa posição posso explorar mais o meu último passe e a chegada por trás. É uma função muito valorizada no Premier. Não é uma posição nova para mim, embora eu deva me adaptar. Mas sou um jogador muito moldável.

Carlos Soler, durante partida da Carabao Cup contra o LiverpoolPRESUNTO OCIDENTAL

P. Qual é a grande diferença entre Lopetegui e Luis Enrique?

R. No PSG, Luis Enrique tem uma ideia muito forte baseada no jogo posicional. Dá orientações, fala sobre táticas… e os papéis são muito definidos independente do jogador que os executa em todos os momentos. Todos os jogadores têm que saber o que é feito em todas as posições. Julen lhe dá um pouco mais de liberdade. Não é tão posicional. Ele quer que movamos a bola até encontrarmos o momento de atacar. São duas formas diferentes de ver o futebol.

P. O projeto WH é bastante emocionante, mas o início não foi fácil. Poderá este West Ham lutar para entrar na Europa?

R. Não falamos sobre objetivos. É um projeto muito novo e de longo prazo. É um pouco abstrato porque no futebol é preciso pensar muito no presente, conseguir resultados e jogar bem. Mas somos muitos jogadores novos, novo treinador, nova filosofia… Poucos clubes conseguem acertar desde o início. No meu caso, vou ficar um ano lá e não sei o que vai acontecer quando a temporada terminar. Mas fiquei seduzido pela ideia de encarar essa mudança, lutar todo fim de semana para chegar aos onze e o West Ham era a melhor opção.

P. Você vê uma luta de mão dupla entre City e Arsenal, ou o Liverpool também pode se envolver?

R. No dia em que jogamos contra o Liverpool parecia um grande time, mesmo jogando com muitos substitutos. O primeiro jogo que vi nas arquibancadas como jogador do West Ham foi contra o City e eles também têm jogadores diferenciais em todas as posições. Mais do mesmo do Arsenal. Vem de uma base muito boa nos últimos anos. Todo mundo vai lutar pelo título. Mas, no que nos diz respeito, tentaremos preparar ao máximo cada jogo para subir posições.

P. Você jogou na Espanha, na França e agora na Inglaterra. Onde há mais riqueza tática?

R. Na Espanha existe uma riqueza tática muito boa. Pelo menos, os anos em que estive lá. Também não posso fazer uma avaliação da Inglaterra porque não estou aqui há muito tempo. Mas treinadores como Guardiola ou Arteta, que são como Luis Enrique, enriqueceram muito a Premier League. Também Klopp ou agora Maresca. A diferença com a França está no ritmo. Há mais idas e vindas, transições… Na Ligue 1 há muita intensidade, mas não é contínua. Também é verdade que estive no PSG, porque, conversando com o Todibo, ele me disse que a Liga Francesa era dura. Claro que se eu tivesse jogado numa equipa como o Nice, talvez a minha visão fosse diferente. Não estou dizendo que o Campeonato Francês seja fácil, mas com o PSG você tem mais chances de vencer.

Carlos Soler, cobrando pênalti durante sua passagem pelo ValênciaJOSÉ ANTONIO SANZ

P. Sempre que pode, você tenta fugir para Valência. Já imaginou voltar ao clube?

R. Nunca vou fechar a porta porque me considero valenciano e valencianista. Adoro Valência e costumo passar meus dias livres aqui. Você nunca sabe o que acontece no futebol. Mas é claro que em algum momento eu gostaria de voltar. Mas agora estou focado no West Ham e depois… tenho contrato com o PSG.

P. Você ainda assiste a todos os jogos do Valencia?

R. Sim, sim. Na verdade, ainda tenho um relacionamento com pessoas do vestiário, fisioterapeutas… Com o Javi, da Imprensa, contamos nossas briguinhas e procuro sempre assistir a todos os jogos. O início do Valencia também não está sendo fácil.

P. O que você diria a ‘Pipo’ Baraja?

R. Em primeiro lugar, tenho muito respeito e admiração por ele. Tive-o como treinador no Juvenil A e ele deu-me a oportunidade de ser pivô. Algo que Curro Torres também fez posteriormente no time reserva. Isso me deu a oportunidade de entrar no time titular, mesmo que fosse como jogador interior. ‘Pipo’ é uma lenda do clube. No ano passado ele fez um trabalho muito melhor do que qualquer um poderia imaginar. Nesta temporada as coisas não estão indo da mesma forma. Mas o calendário também tem sido complicado. Meu único conselho é basear-se no que ele é, para recuperar forças… e continuar confiando nas pessoas da equipe juvenil. Mas também não me considero ninguém para lhe dar conselhos. Espero que subam porque, para mim, o Valência é muito importante.

P. Talvez Valência ainda esteja um pouco longe. Mas você pretende voltar a Paris depois deste ano?

R. Acabei de chegar em Londres e o que quero é crescer aqui durante esta temporada. Sinto-me muito bem física e mentalmente. Estou em um momento muito bom da minha vida e espero ter um ano fenomenal. Obviamente, ainda pertenço ao PSG. Ainda tenho dois anos de contrato e veremos quando a temporada termina. Minha ideia é ser feliz este ano aqui e curtir a Premier.

P. Qual é o objetivo definido com esta transferência?

R. Quero jogar e venho aqui para ser importante. Para isso, preciso entrar no time o mais rápido possível para encontrar aquela continuidade que todo jogador precisa para poder dar o seu melhor nível. É difícil chegar a esse nível sem continuidade. Não somos robôs. É para isso que venho. Ser importante, ter continuidade e poder demonstrar o nível que já ofereci no passado, chegando à Seleção Nacional. Com o Valência fui muito importante. As coisas não correram como eu esperava no PSG e agora venho ao West Ham para aproveitar.

Carlos Soler, comemorando gol pela Espanha durante a Copa do Mundo do CatarEFE

P. Essa felicidade inclui também poder regressar à Seleção Nacional?

R. Eu adoraria voltar e jogar com esses companheiros que estão conquistando algo tão lindo. Neste momento, é a melhor Seleção Nacional da Europa e, possivelmente, do mundo. Mas não vim ao West Ham para regressar à Seleção porque é algo que não está nas minhas mãos. O que depende de mim é mostrar ao treinador que posso ser levado em conta. Sei que há muita competição e o nível está cada dia mais alto. Mas isso é bom para a Espanha e obviamente adoraria voltar.

P. Onde você assistiu à final contra a Inglaterra?

R. Consegui ingressos para ir a campo como torcedor com minha namorada. Mas foi uma loucura porque decidimos isso um dia antes. Aliás, no dia seguinte começou a pré-temporada e fui direto de Paris (risos).



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