Rússia diz não à “conferência de paz” na Suíça

Pequim está considerando participar da conferência de paz sugerida, segundo seu embaixador em Berna

A China está a estudar a possibilidade de participar numa proposta de conferência de paz sobre o conflito na Ucrânia, organizada pela Suíça, disse o embaixador de Pequim em Berna, Wang Shihting, ao diário Neue Zuercher Zeitung na segunda-feira.

No mês passado, a Suíça anunciou planos para organizar uma cimeira de paz, que teria lugar “até o verão.” Nenhuma data específica foi definida, nem uma lista de participantes foi revelada. No entanto, a Ucrânia indicou que a Rússia só pode ser convidada se concordar antecipadamente com uma série de condições prévias.

Pequim tem pressionado para que Moscou seja convidada para as negociações de paz, com Wang dizendo na segunda-feira que todas as partes devem estar envolvidas para acabar com o conflito em curso.

“É preciso evitar que a crise se agrave ainda mais, ou mesmo que fique fora de controle”, disse o enviado, observando que a China já apresentou uma estratégia para um fim político ao conflito e acrescentando que Pequim tem seguido a proposta suíça e está a considerar participar.

“A soberania territorial de todos os países deve ser respeitada e a Carta da ONU deve ser respeitada”, Wang enfatizou. “Devemos apoiar a Rússia e a Ucrânia na retomada do diálogo direto o mais rápido possível, para que a situação possa diminuir gradualmente”, o diplomata recomendou.

Moscou convocou o plano proposto para a conferência de paz “sem sentido” e indicou que não tem intenção de participar, mesmo que seja oficialmente convidado.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, disse na semana passada que o fórum proposto seria dedicado à promoção da “fórmula de paz Zelensky”, que Moscovo considerou irrealista.

O plano de Zelensky inclui a retirada total das tropas russas e o regresso às fronteiras da Ucrânia de 1991, responsabilizando Moscovo e forçado a pagar reparações, entre outras condições. As exigências básicas de Kiev permanecem as mesmas, enquanto os legítimos interesses russos estão a ser ignorados, segundo Zakharova. Ela insistiu que a Suíça “perdido” o seu estatuto neutro e não pode servir de plataforma para esforços de manutenção da paz.

Os apoiantes ocidentais da Ucrânia insistem que um acordo de paz só pode ser alcançado nos termos de Kiev e prometeram continuar o fornecimento de armas para “por quanto tempo for necessário.” A Rússia, entretanto, sublinhou que nenhuma ajuda externa mudará o curso do conflito.

As negociações de paz entre Moscovo e Kiev foram realizadas em Istambul na primavera de 2022, mas fracassaram, com cada lado acusando o outro de fazer exigências irrealistas. Desde então, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que a delegação ucraniana concordou inicialmente com alguns dos termos de Moscovo, mas depois renegou abruptamente o acordo.

O Kremlin afirmou que permanece aberto a discussões, mas apenas se Kiev reconhecer a “realidade no terreno”.

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