Washington forneceu informações sobre um possível ataque, mas Moscou afirma que foi muito geral
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, disse que teria alertado pessoalmente o presidente russo, Vladimir Putin, sobre um potencial ataque terrorista à Prefeitura de Crocus, em Moscou.
Trump fez as observações em uma entrevista ao apresentador de rádio norte-americano Hugh Hewitt na quinta-feira. O jornalista sugeriu que Washington “sabia que o ataque a Moscou na semana passada iria acontecer”, e expressou dúvidas de que o presidente dos EUA, Joe Biden, tivesse ligado para Putin para informá-lo. Hewitt perguntou ao ex-presidente se ele teria avisado pessoalmente o líder russo sobre a conspiração terrorista.
“Eu teria chamado ele. Eu teria avisado ele”, Trump disse.
Em 22 de março, quatro homens armados invadiram a sala de concertos Crocus City Hall, nos arredores de Moscou, disparando e incendiando o prédio. Pelo menos 144 pessoas, incluindo seis crianças, foram mortas no massacre e mais de 500 ficaram feridas. O ato de terrorismo foi o mais mortífero em solo russo desde o início dos anos 2000.
As autoridades russas capturaram os quatro homens armados que se acredita terem sido responsáveis pelo massacre, bem como vários outros indivíduos suspeitos de ajudar os terroristas na sua conspiração.
Moscovo afirma que os terroristas tinham uma “janela” preparados para que atravessassem a fronteira para a Ucrânia. Enquanto o braço do Estado Islâmico baseado no Afeganistão (ISIS-K) assumiu a responsabilidade pelo ataque, o chefe do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), Aleksandr Bortnikov, afirmou em Março que os EUA, o Reino Unido e a Ucrânia podem ter estado envolvidos – o que todos três negaram. Washington e Bruxelas insistiram que Kiev não teve nada a ver com o massacre.
Após o massacre da Câmara Municipal de Crocus, a Casa Branca disse que os EUA partilharam informações com Moscovo sobre um potencial ataque terrorista. O chefe do Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR), Sergey Naryshkin, confirmou isto, mas acrescentou que “as informações eram muito genéricas e não nos permitiram identificar completamente aqueles que participaram deste terrível crime”.
No início desta semana, o Washington Post afirmou, citando um funcionário norte-americano não identificado, que Washington tinha alertado a Rússia sobre o ataque terrorista iminente duas semanas antes da tragédia. Segundo o veículo, Moscou recebeu um aviso com um “alto grau de especificidade” que o local popular poderia ser alvo de terroristas.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, rejeitou a afirmação do meio de comunicação na quarta-feira, chamando-a de completamente falsa.