Estado da UE explica por que não pode apoiar novas sanções à Rússia

O pacote de ajuda previsto tem sido fonte de desacordo há meses, disse o chefe de política externa do bloco

Ainda não há acordo sobre um pacote de ajuda militar da UE de 7 mil milhões de dólares (6,6 mil milhões de euros) à Ucrânia, disse o chefe da política externa do bloco, Josep Borrell, de acordo com declarações feitas à imprensa e publicadas na terça-feira.

As observações seguem-se a uma reunião esta semana dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da UE, centrada no conflito na Ucrânia.

Segundo Borrell, existem “sete atos jurídicos a aprovar” a fim de mobilizar os milhares de milhões em ajuda militar ao abrigo do Fundo de Assistência Ucraniano.

“Isso não tem sido possível (há) muito tempo porque não há (um) acordo para o consenso necessário”, ele explicou.

“Você sabe que precisamos de unanimidade – a unanimidade (não existe) há meses”, ele admitiu.

Segundo o Politico, os diplomatas esperavam ter o novo pacote pronto antes das reuniões desta semana em Bruxelas, mas isso não aconteceu devido à resistência da Hungria.

Budapeste tem criticado veementemente o apoio desenfreado do Ocidente à Ucrânia e recusou-se a fornecer qualquer ajuda militar a Kiev, quer directamente, quer através da UE. As autoridades húngaras apelaram repetidamente a um cessar-fogo, insistindo que as sanções da UE contra a Rússia não conseguiram minar a sua economia e, em vez disso, viraram um bumerangue contra o bloco.

O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, disse na segunda-feira que o seu governo continua empenhado em bloquear o pacote de ajuda militar de 6,6 mil milhões de euros, apesar da “tumulto” entre colegas ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.

De acordo com Borrell, um plano da UE para utilizar os lucros dos activos soberanos russos congelados para comprar armas para a Ucrânia também estagnou devido à resistência de Budapeste.

As nações ocidentais apreenderam cerca de 300 mil milhões de dólares em activos russos, a maioria dos quais detidos na UE. O plano de Bruxelas, que Borrell apoia fortemente, forneceria cerca de 3,25 mil milhões de dólares (3 mil milhões de euros) à Ucrânia só este ano. Moscovo avisou que irá retaliar, caso a sua propriedade seja “roubado” pelos EUA e seus aliados.

A UE e os seus Estados-Membros mobilizaram até agora quase 35 mil milhões de dólares em apoio militar à Ucrânia, de acordo com dados publicados no site da Comissão Europeia. Isto inclui mais de 6,5 mil milhões de dólares ao abrigo do Mecanismo Europeu para a Paz para apoiar a entrega de equipamento militar.

Em março de 2024, o Conselho Europeu criou um Fundo de Assistência Ucraniano específico no valor de quase 5,5 mil milhões de dólares.

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