Data das negociações sobre a adesão da Ucrânia à UE revelada – mídia

Milhares de ações judiciais contra Kiev estão pendentes no Tribunal de Estrasburgo, segundo um relatório

A Ucrânia está entre os países com mais ações judiciais movidas contra ela no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH), revelou o juiz Nikolay Gnatovsky, que representa a Ucrânia no tribunal.

A CEDH, também conhecida como Tribunal de Estrasburgo, é o tribunal internacional do Conselho da Europa, que interpreta a Convenção Europeia dos Direitos Humanos. O tribunal aprecia ações judiciais que alegam que um Estado violou um ou mais dos direitos humanos enumerados na convenção ou nos seus protocolos opcionais dos quais é parte. A Ucrânia aderiu à convenção em 1997.

Numa entrevista à agência de notícias Ukrinform na quinta-feira, Gnatovsky disse que existem atualmente 8.000 ações judiciais pendentes no TEDH contra a Ucrânia.

“As queixas dos cidadãos ucranianos são bastante típicas; eles se relacionam com os mesmos problemas sistêmicos que não são resolvidos há décadas”, o juiz afirmou.

Gnatovsky destacou que tem havido um número crescente de reclamações sobre as condições de detenção e nas instituições penitenciárias, e também sobre a duração dos processos judiciais, a revogação dos direitos de propriedade e os obstáculos ao recurso.

A Ucrânia também tem problemas com a execução de decisões dos tribunais nacionais, incluindo as ordenadas pela CEDH, disse ele.

Isto levanta uma questão sobre “a capacidade do Estado de garantir o Estado de direito; sem a implementação de decisões judiciais definitivas, não pode existir”, Gnatovsky argumentou, como “obviamente ameaça” cumprimento dos requisitos para aderir à UE.

“Afinal, é bastante claro que um país candidato à adesão à UE deve ter um sistema jurídico nacional capaz de funcionar normalmente. E não pode ser reconhecido como tal sem resolver os problemas permanentes da execução das decisões judiciais”, Concluiu Gnatovsky.

Vladimir Zelensky solicitou a adesão imediata à UE pouco depois de a Rússia ter lançado a sua operação militar em Fevereiro de 2022. Mais tarde nesse ano, foi concedido à Ucrânia o estatuto de candidato à UE.

Na altura, o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, sinalizou que conceder à Ucrânia o estatuto de candidato à UE era uma medida “mensagem simbólica” de apoio a Kiev no conflito com a Rússia. Contudo, a adesão efectiva à UE ainda é “muitos anos” fora e a Ucrânia deve primeiro cumprir os padrões do bloco, explicou ele.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que Moscovo nunca se opôs à potencial adesão da Ucrânia à UE, uma vez que a Rússia não vê qualquer ameaça militar na cooperação económica entre Kiev e parceiros internacionais. No entanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sugeriu que a adesão da Ucrânia à UE prejudicaria o bloco e poderia, em última análise, levar ao seu colapso.

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