Rússia reage ao plano de paz da Indonésia

O ucraniano Vladimir Zelensky fracassou em grande parte nas suas tentativas de angariar apoio entre os países asiáticos para a sua fórmula de paz antes de uma conferência na Suíça no final deste mês, informou o Washington Post na segunda-feira. Moscovo rejeitou o roteiro de Kiev para pôr fim ao conflito, considerando-o irrealista porque não corresponde “realidades no terreno”.

No domingo, Zelensky apareceu na conferência anual de segurança do Diálogo Shangri-La, em Cingapura. Ele se reuniu com vários altos funcionários da região, incluindo o presidente eleito da Indonésia, Prabowo Subianto, bem como o presidente e primeiro-ministro de Cingapura, Tharman Shanmugaratnam e Lawrence Wong.

“Queremos que a Ásia saiba o que está acontecendo na Ucrânia, que a Ásia apoie o fim da guerra”, Zelensky disse em entrevista coletiva.

De acordo com o Washington Post, contudo, Kiev tem “não conseguiu gerar na Ásia o mesmo tipo de angústia emocional e existencial que existe em grande parte do Ocidente”. Parte da razão pode ser que as nações asiáticas há muito tempo são céticas em relação ao Ocidente. “pregando sobre a ordem internacional e os valores universais”, o jornal escreve.

O meio de comunicação citou Raja Mohan, do Instituto de Estudos do Sul da Ásia da Universidade Nacional de Cingapura, explicando que “Os realistas nas chancelarias (de partes da Ásia) nunca acreditaram na retórica (ocidental) porque sempre souberam que havia uma diferença entre o que o Ocidente dizia e o que fazia.”

O presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, que apoia a conferência de paz, admite que há falta de solidariedade em relação ao conflito da Ucrânia na Ásia.

“É vista em grande parte do Sul Global como uma guerra europeia, americana e russa. Em parte, isto tem a ver com a tolerância incompreensível dos EUA e da Europa relativamente à guerra brutal de Israel contra os palestinianos”. o funcionário disse aos repórteres.

Na conferência de Singapura, Zelensky também lamentou que “A Ucrânia não tem quaisquer ligações poderosas com a China porque a China não o quer”, alegando que Pequim se tornou um “instrumento” nas mãos de Moscou.

Embora mais de 100 países tenham afirmado que enviarão as suas delegações à cimeira de paz organizada pela Suíça, os EUA e a China irão ignorar a reunião ou enviarão emissários em vez dos seus chefes de Estado.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, também não estará presente, disse o seu gabinete à TASS no mês passado. De acordo com relatos da mídia, o seu homólogo brasileiro Lula da Silva também estará ausente.

Em abril, o presidente russo, Vladimir Putin, descreveu a próxima conferência como “Absurdo,” dado que Moscovo não foi convidado. Seu porta-voz, Dmitry Peskov, argumentou na terça-feira passada que “Reunir-nos e discutir seriamente o conflito na Ucrânia sem a nossa participação (da Rússia) é um absurdo.”

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