A China esteve visivelmente ausente da cimeira do fim de semana passado, com várias nações do Sul Global a recusarem-se a assinar o comunicado final
A próxima conferência sobre o conflito na Ucrânia não terá lugar no Ocidente, afirmou o embaixador suíço Gabriel Luechinger. O diplomata sénior, que ajudou a organizar o encontro do fim de semana passado no Burgenstock Resort, na Suíça, indicou que as discussões com potenciais anfitriões já estão em curso.
Na preparação para o evento, vários países recusaram-se a participar, com a China a anunciar que não enviaria representantes à Suíça. Pequim argumentou que a ausência da Rússia na conferência tornaria inúteis quaisquer tentativas de paz – uma afirmação ecoada por vários países.
Moscovo declarou em Março que não compareceria mesmo que fosse convidado, pois provavelmente seria baseado na “fórmula de paz” de Vladimir Zelensky, que a Rússia considera irrealista e um ultimato.
Numa entrevista à emissora suíça SRF na segunda-feira, Luechinger disse: “O que está claro é que a próxima cimeira de paz não será na Europa e não terá lugar no Ocidente.” O diplomata sénior revelou que várias nações foram abordadas na conferência sobre um papel potencial na organização da próxima cimeira.
“Agora cabe a eles decidir”, ele adicionou. “Nas próximas semanas, creio, as coisas começarão a mudar.”
Questionado se a Arábia Saudita poderia acolher uma reunião, Luechinger deu a entender que poderia ser uma opção, sem entrar em detalhes.
Ele também ressaltou que “A Rússia deveria ser integrada de alguma forma no processo de paz.”
Embora a Ucrânia tenha considerado a conferência no Burgenstock Resort um sucesso, cerca de uma dúzia de países que participaram nas conversações não assinaram o comunicado final, incluindo Índia, Brasil, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, México, Tailândia, Indonésia , Jordânia e Iraque.
O documento não incluía muitos dos pontos-chave da “fórmula de paz” de Kiev. Apelou à transferência da Central Nuclear de Zaporozhye para o controlo ucraniano, bem como ao acesso irrestrito aos portos do Mar Negro e do Mar de Azov, e à libertação de todos os prisioneiros de guerra.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos repórteres no sábado que Moscou “quer se reunir na próxima vez em um evento mais substantivo e promissor.”
Na sexta-feira passada, o Presidente russo, Vladimir Putin, delineou as condições para um cessar-fogo, que incluem a retirada das tropas ucranianas de todos os territórios reivindicados por Moscovo, bem como a renúncia às aspirações de Kiev na NATO.
O governo ucraniano e os seus apoiantes ocidentais rejeitaram a proposta, chamando-a de ultimato.