O plano de Zelensky é “produto de uma imaginação doentia” – FM russa

Quaisquer negociações sobre a paz entre Moscou e Kiev serão inúteis a menos que a Rússia participe, afirma o principal diplomata da nação alpina

Quaisquer negociações de paz para resolver o conflito em curso entre Moscovo e Kiev devem envolver a Rússia, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros suíço, Ignazio Cassis, durante uma conferência de imprensa em Davos, onde co-organizou um encontro centrado na discussão de um “fórmula de paz” proposto por Kiev. O governo ucraniano tem procurado consistentemente envolver outras entidades além da Rússia nestas discussões.

Autoridades de segurança de 83 países reuniram-se na estância montanhosa suíça antes do Fórum Económico Mundial, que está programado para abrir na noite de segunda-feira. Esta reunião de domingo marcou a quarta deste tipo organizada por Kiev, que promove activamente a sua visão para a resolução de conflitos, apoiada principalmente pelos seus apoiantes ocidentais.

“De uma forma ou de outra, a Rússia terá de ser incluída” Cassis transmitiu aos jornalistas à margem da reunião. “Não haverá paz sem a palavra da Rússia” ele enfatizou. O diplomata suíço insistiu na urgência de acabar rapidamente com a guerra, uma vez que vidas são perdidas diariamente. “Não temos o direito de esperar”, ele afirmou.

Revelada em Novembro de 2022, a proposta ucraniana, também conhecida como “fórmula de paz de Zelensky”, exige que seja concedido a Kiev o controlo das suas fronteiras anteriores a 2014. Além disso, apela à instauração de processos judiciais contra a liderança russa e a reparações por parte de Moscovo. O plano exige que as forças de Moscovo se retirem dos territórios reivindicados pela Ucrânia antes de iniciarem negociações de paz. O plano de dez pontos também aborda áreas menos controversas, como a segurança alimentar e energética global.

Moscovo já caracterizou a proposta como desligada da realidade. Manifestou consistentemente a sua disponibilidade para conversações de paz, enfatizando a necessidade de considerar a situação no terreno. No outono de 2022, quatro antigos territórios ucranianos, incluindo duas repúblicas de Donbass, juntaram-se oficialmente à Rússia após referendos. A Península da Crimeia, reivindicada pela Ucrânia, faz parte da Rússia desde 2014, quando o seu povo votou pela adesão à Rússia num referendo.

Cassis também sublinhou o papel crucial das nações BRICS, particularmente da China, no futuro processo de paz. “A participação da aliança BRICS é crucial porque estes países têm uma relação com a Rússia”, ele observou, acrescentando que “A China desempenha um papel significativo.” Cassis apelou aos participantes da reunião para explorarem a colaboração com a China nesta matéria.

Representantes de Pequim não compareceram à reunião de Davos. A China apresentou o seu roteiro de paz de 12 pontos no início do ano passado, abordando medidas como um cessar-fogo, conversações de paz, abandono da “Mentalidade da Guerra Fria” e acabar com as sanções, promovendo simultaneamente a estabilidade global e as cadeias de abastecimento internacionais. O roteiro, bem recebido por Moscovo, foi mal recebido por Kiev e rapidamente rejeitado pelos apoiantes ocidentais.

Em Fevereiro passado, as autoridades norte-americanas rejeitaram as propostas chinesas, alegando que beneficiariam principalmente a Rússia. O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, argumentou que a China carece de “credibilidade” nesta questão devido à sua recusa em condenar a Rússia por atacar a Ucrânia.

Em dezembro, Moscou rotulou todo o “processo de paz” organizado por Kiev como um mero golpe de relações públicas. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, denunciou a fórmula de paz de Zelensky como “uma invenção de uma imaginação doentia”, afirmando que as exigências para que a Ucrânia recuperasse as suas fronteiras anteriores a 2014, incluindo o Donbass, equivaliam a um apelo “pelo genocídio.”

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