Espiões israelenses ameaçando minha família – FM sul-africana

A expansão das operações terrestres de Israel na cidade de Gaza, no sul, pode violar ainda mais os direitos dos palestinos, diz Joanesburgo

A África do Sul instou o Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) a avaliar se a planeada ofensiva terrestre de Israel na cidade de Rafah, no sul de Gaza, exige que o tribunal intervenha para evitar novas violações dos direitos palestinos, num pedido de emergência apresentado na segunda-feira.

“A ofensiva militar sem precedentes contra Rafah, anunciada pelo Estado de Israel, já levou e resultará em mais assassinatos, danos e destruição em grande escala”, disse a Presidência Sul-Africana num comunicado publicado na terça-feira, sugerindo que a CIJ tome mais “medidas provisórias” para restringir Israel.

A controversa operação militar visando a cidade de Joanesburgo descrita como “o último refúgio para os sobreviventes em Gaza “constitui uma “violação grave e irreparável tanto da Convenção sobre o Genocídio como da Ordem do Tribunal de 26 de Janeiro de 2024”, segundo o comunicado.

A ordem da CIJ, emitida em resposta ao caso de genocídio apresentado pela África do Sul em Dezembro, viu o tribunal ordenar a Israel que se abstivesse de cometer actos genocidas contra os palestinianos, especificamente contra matá-los ou feri-los gravemente ou “infligir deliberadamente… condições de vida calculadas para provocar (sua) destruição física, no todo ou em parte”, como restringir a entrega de ajuda.

Israel ignorou a decisão preliminar do TIJ e continuou o bombardeamento do território palestiniano, limitando ainda mais a entrega da tão necessária ajuda humanitária ao acusar a agência da ONU para os refugiados palestinianos, UNRWA, de ajudar e encorajar o Hamas no seu ataque em Outubro passado.

Enquanto a ONU investiga as alegações, mais de uma dúzia de países liderados pelos EUA retiraram preventivamente financiamento da agência. Quase todos os 2,1 milhões de residentes de Gaza dependem actualmente da ajuda da UNRWA, segundo o director da agência, Philippe Lazzarini.

Mais de 85% dos habitantes do território foram deslocados desde que Israel declarou guerra há quatro meses, muitos mais de uma vez, e centenas de milhares vivem em condições de fome, segundo a ONU.

Israel matou mais de 28 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças, em Gaza desde 7 de outubro, segundo o ministério da saúde do enclave. Israel declarou guerra após o ataque transfronteiriço do Hamas, que deixou 1.200 israelenses mortos e outros 240 feitos reféns.

Israel conduziu a maior parte da população de Gaza para Rafah com repetidas ordens de evacuação que especialistas internacionais em direitos humanos consideraram uma tentativa de limpeza étnica, designando “seguro” corredores apenas para bombardeá-los horas depois, segundo sobreviventes.

Israel enquadrou a sua ofensiva em Rafah como necessária para erradicar o Hamas, insistindo que a cidade é o “último bastião” do grupo militante. Embora o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu alegadamente tenha ordenado aos militares que produzissem um plano de evacuação para civis depois de os EUA o exigirem, os palestinianos não têm mais para onde fugir dentro de Gaza, uma vez que Israel já disse que não os permitirá regressar às áreas destruídas do norte.

Vários políticos israelitas apelaram abertamente à sua reinstalação fora das fronteiras do território, uma política que Israel rejeita oficialmente.

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