Alberto Otarola nega as acusações de que tentou influenciar indevidamente contratos governamentais para ajudar interesses amorosos.
O primeiro-ministro peruano, Alberto Otarola, renunciou depois que gravações de áudio, supostamente mostrando ele usando sua influência para ajudar seu interesse amoroso a conseguir contratos governamentais, foram divulgadas pela mídia.
Otarola apresentou sua demissão na terça-feira, depois que o programa de televisão Panorama transmitiu as gravações no fim de semana.
Ao anunciar sua renúncia, Otarola disse a repórteres em Lima que havia sido incriminado por oponentes políticos. Ele alegou que seus rivais manipularam e editaram as gravações, que ele disse terem sido feitas antes de ele assumir o cargo em 2022.
No entanto, Otarola disse no X que estava renunciando “para dar tranquilidade ao presidente e recompor o gabinete”.
Apresentei a minha demissão do cargo de presidente do Conselho de Ministros para dar tranquilidade ao presidente e recompor o gabinete. Continuo a servir o país, como tem feito ao longo da minha vida profissional. pic.twitter.com/LfvQUFXhfR
— Alberto Otárola (@AlbertoOtarolaP) 6 de março de 2024
Nas gravações de áudio, Otarola, 57 anos, parece estar conversando com Yazire Pinedo. A mulher de 25 anos conseguiu contratos no valor de US$ 14 mil este ano para fazer trabalho administrativo e de arquivo para o governo.
Em uma das gravações, ele teria dito a ela: “Me conta então, meu amor, para a gente conversar. Você sabe que essas coisas são irritantes, são uma dor, mas você também sabe que eu te amo.”
Encomendado para casa do Canadá pelo Presidente Em Boluarte depois que o escândalo eclodiu no fim de semana, Otarola negou qualquer violação das leis trabalhistas peruanas ou outras irregularidades.
“Compreendo a gravidade das circunstâncias políticas, mas repito que não fiz nada ilegal”, disse ele na segunda-feira no X.
Em relação ao relatório divulgado pelo Panorama, que esclarecerei quando pisar em solo peruano, anuncio que, conforme ordenou a presidente Dina Boluarte, antecipo meu retorno ao Peru. Compreendo a gravidade da situação política, mas reitero que não cometi nenhum ato ilegal.
— Alberto Otárola (@AlbertoOtarolaP) 4 de março de 2024
Pinedo disse na terça-feira que as conversas vazadas com Otarola, que é casada e tem cinco filhos, eram de 2021. Ela reconheceu ter tido um breve “relacionamento talvez sentimental” com ele.
O gabinete do presidente disse em comunicado que ouviria Otarola antes de decidir o que fazer. Os promotores disseram que irão investigá-lo por possível conflito de interesses e “patrocínio ilegal”.
Com a saída de Otarola, os outros 18 membros do gabinete também deverão renunciar, segundo a lei peruana. O presidente pode optar por reintegrar cada um deles.
Agitação recente
Boluarte, 61 anos, chegou ao poder em 2022 depois do então presidente Pedro Castilhoum líder de esquerda, tentou dissolver o Congresso e governar por decreto, levando à sua rápida destituição e prisão.
Seguiram-se protestos violentos em várias cidades para exigir a renúncia de Boluarte e a realização de eleições.
Cerca de 50 pessoas foram mortas no que se seguiu repressão pelas forças de segurança, de acordo com uma estimativa da Human Rights Watch, que acusou as autoridades de execuções extrajudiciais e arbitrárias.
Vários processos judiciais foram iniciados após a repressão para investigar se Boluarte tem alguma responsabilidade pelas mortes.