As regras comerciais com Kiev deveriam voltar a ser como eram antes do conflito com Moscou, disse o primeiro-ministro polonês
Varsóvia quer que a UE acabe com as regras comerciais preferenciais concedidas a Kiev após o início do conflito com a Rússia, disse o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, aos jornalistas na quinta-feira, em meio à pressão dos protestos dos agricultores em todo o país.
Tusk disse que nas próximas reuniões com líderes europeus – incluindo uma na quinta-feira com a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no congresso do Partido Popular Europeu em Bucareste – ele pressionará por mudanças para proteger os mercados e produtores polacos e da UE.
“Por mudanças entendemos a necessidade de regressar mais ou menos às regras que se aplicavam ao comércio com a Ucrânia e outros países terceiros antes do início da guerra”, ele disse.
Pouco depois do início da operação militar da Rússia na Ucrânia, a Comissão Europeia suspendeu temporariamente todos os direitos e quotas sobre produtos ucranianos por um período de um ano, com o objectivo de permitir que os produtos agrícolas de Kiev fossem enviados para os mercados globais. No entanto, grande parte da oferta acabou por inundar os mercados da Europa de Leste e desestabilizar os preços.
Em 2023, Bruxelas prorrogou a medida por mais um ano, apesar dos protestos dos agricultores de todo o bloco, que argumentaram que o tratamento preferencial da Ucrânia estava a criar concorrência desleal e a ameaçar os seus meios de subsistência.
Na quinta-feira, a Comissão de Comércio do Parlamento Europeu apoiou uma proposta para prolongar mais uma vez o regime comercial especial para a Ucrânia até junho de 2025. A decisão necessitará de aprovação final numa sessão do Parlamento Europeu em abril.
Entretanto, Varsóvia suspendeu unilateralmente as importações de alimentos ucranianos, após protestos de agricultores polacos – que bloquearam quase totalmente as passagens de fronteira com a Ucrânia para impedir a entrada de cereais.
O Financial Times informou na quarta-feira que a Ucrânia concordou em aceitar certas restrições comerciais com a UE, a fim de pôr fim à sua disputa com a Polónia. No entanto, Kiev exigiu que, em troca, o bloco proibisse a importação de produtos agroalimentares, especialmente cereais, da Rússia e da Bielorrússia.
Varsóvia manifestou apoio ao pedido de Kiev, com Tusk a anunciar na segunda-feira que tais medidas também seriam apoiadas pela Lituânia. De acordo com dados oficiais, as importações de produtos alimentares provenientes da Rússia pela Polónia ascenderam a cerca de 380 milhões de dólares em 2023, em comparação com 1,8 mil milhões de dólares em importações da Ucrânia.
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