Um coquetel molotov foi lançado no sábado no KK Super Mart, uma das maiores redes de lojas de conveniência da Malásia, em uma cidade no leste do país, segundo a polícia. Os principais executivos da empresa foram acusados de ferir sentimentos religiosos, depois de as suas lojas terem vendido meias com Alá, a palavra árabe para Deus, impressa nelas.
Dois terços da população de 34 milhões de habitantes do país são muçulmanos malaios e, no Islão, a associação dos pés com Deus é considerada altamente ofensiva. Fotos das polêmicas meias atraíram indignação generalizada online durante as últimas semanas, coincidindo também com o mês sagrado do Ramadã.
A KK Super Mart, que é a segunda maior rede de lojas de conveniência da Malásia, teria encontrado 14 pares de meias com a palavra “Alá” impressa nelas, em três locais de seus 881 pontos de venda.
O ataque de sábado a uma de suas lojas ocorreu na cidade de Kuantan. A polícia disse que o dispositivo incendiário causou um pequeno incêndio na entrada e ninguém ficou ferido, segundo a Reuters. O chefe da polícia municipal, Wan Mohamad Zahari Wan Busu, disse à agência de notícias que acredita que o ataque pode estar ligado às meias, “mas ainda estamos investigando.”
Outro ataque ocorreu na última terça-feira, quando uma garrafa cheia de gasolina foi jogada em um KK Super Mart no estado de Perak, 100 quilômetros ao norte da capital Kuala Lumpur, segundo a mídia estatal Bernama. O dispositivo não explodiu e não houve feridos, informou o jornal local China Press.
Na terça-feira passada, o CEO da empresa, Chai Kee Kan, de etnia chinesa, bem como o diretor da empresa, Loh Siew Mui, e a sua esposa, foram acusados de “com a intenção deliberada de ferir… sentimentos religiosos”. Três representantes do fornecedor Xin Jian Chang também foram indiciados. Todos se declararam inocentes. Se condenados, poderão pegar até um ano de prisão e multa, ou poderão receber apenas multa. A audiência está marcada para o final de abril.
KK Super Mart pediu desculpas pelo incidente, dizendo que leva o assunto “seriamente” e interrompeu a venda do produto, e que também processou o fornecedor. O fornecedor também pediu desculpas, dizendo que o “meias problemáticas” estavam dentro de uma pilha de milhares de pares com designs diferentes, encomendados a uma empresa com sede na China.
De acordo com o jornal Star, o KK Super Mart expôs um bilhete de desculpas em suas lojas em todo o país.
O novo rei da Malásia, Sultão Ibrahim Sultan Iskandar, numa rara repreensão real, apelou a uma acção “severa” contra os considerados culpados, “Se este incidente foi intencional ou não, se as meias foram importadas ou produzidas em fábricas locais.”
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