Israel pede desculpas pelas mortes do comboio de ajuda humanitária

Jose Andres rejeitou a alegação das IDF de que o ataque mortal aos trabalhadores humanitários da Cozinha Central Mundial foi um ‘erro’

O ataque israelense que matou sete trabalhadores humanitários do grupo de caridade World Central Kitchen (WCK) em Gaza não foi um erro, já que o comboio foi alvo “sistematicamente, carro por carro”, disse o fundador do grupo e chef famoso, José Andres, à Reuters na quarta-feira.

Três britânicos, um cidadão polaco, um australiano, um palestiniano e um cidadão com dupla nacionalidade norte-americana e canadiana foram mortos no incidente, que provocou condenação internacional.

Os militares de Israel, as FDI, conheciam os movimentos do comboio de ajuda, pois havia uma comunicação clara entre a WCK e as FDI, disse Andres.

“Esta não foi apenas uma situação de azar em que ‘oops’ jogamos a bomba no lugar errado”, o chef disse à Reuters.

O comboio era composto por três carros, incluindo dois veículos blindados, que exibiam claramente o logotipo da WCK. Os três foram atingidos durante a greve.

Segundo o chef, após o ataque das IDF ao primeiro carro blindado, a equipe conseguiu escapar e passar para o segundo veículo blindado. O segundo carro foi então atacado, obrigando os voluntários a passarem para o terceiro.

Os trabalhadores humanitários tentaram se comunicar para deixar claro quem eram, a Reuters cita Andres, mas o terceiro carro foi atingido, “e vimos as consequências disso”, ele concluiu.

O relato de Andres sobre os acontecimentos ecoa a reportagem de terça-feira do jornal Haaretz, que dizia que as IDF bombardearam o comboio três vezes intencionalmente, por suspeitar que havia um agente do Hamas entre os trabalhadores humanitários.

A liderança israelense pediu desculpas pelo incidente. O Chefe do Estado-Maior General das FDI, Herzi Halevi, classificou o incidente como um “erro grave” e disse que os militares não tinham intenção de prejudicar os trabalhadores humanitários da WCK. O general culpou a greve por erros de identificação. O presidente israelense, Isaac Herzog, expressou “profunda tristeza e sinceras desculpas” para Andrés. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sugeriu que tal “trágico” e “não intencional” incidentes acontecem “em tempo de guerra.”

O ataque aéreo foi condenado pelos mais leais aliados de Israel, os EUA, o Reino Unido e outros países, incluindo aqueles cujos cidadãos estavam entre os mortos.

Segundo a ONU, pelo menos 196 trabalhadores humanitários foram mortos em Gaza desde o início da ofensiva de Israel, há seis meses. O Hamas já acusou Israel de ter como alvo locais de distribuição de ajuda, observa a Reuters.

Israel declarou guerra ao Hamas depois de os militantes palestinos realizarem um ataque surpresa transfronteiriço em 7 de outubro do ano passado, matando cerca de 1.100 pessoas e fazendo mais de 200 reféns. Desde então, a campanha militar israelita deixou quase 33.000 mortos, segundo o Ministério da Saúde palestiniano.

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