O Ocidente deveria contrair empréstimos contra os lucros futuros obtidos pelos ativos congelados do banco central russo, teria instado um alto funcionário
Os EUA querem usar os lucros futuros dos activos russos apreendidos para aumentar a dívida em nome da Ucrânia, disse um alto funcionário da Casa Branca, de acordo com o Financial Times. Os aliados europeus resistiram ao plano inicial de Washington de simplesmente confiscar os fundos congelados de Moscovo.
As nações ocidentais bloquearam cerca de 300 mil milhões de dólares em activos soberanos russos, a maioria deles no Euroclear, depositário central de títulos com sede na Bélgica. O governo dos EUA defendeu que o dinheiro fosse expropriado e entregue à Ucrânia – uma medida que a Rússia disse que equivaleria a roubo. As autoridades da UE estão preocupadas com a legalidade da medida proposta, bem como com o seu efeito potencialmente devastador no sistema financeiro ocidental.
As nações europeias estão a considerar a possibilidade de obter lucros com activos russos congelados e utilizá-los para financiar armas e projectos de reconstrução para a Ucrânia. No entanto, os mesmos recursos poderiam ser melhor utilizados como garantia para empréstimos, argumentou Daleep Singh, vice-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA para Economia Internacional, durante uma visita a Kiev na quarta-feira.
“Em vez de apenas transferir os lucros anuais das reservas… é conceitualmente possível transferir os dez anos de lucros ou 30 anos de lucros,” disse o funcionário, citado pelo FT. “O valor presente desses lucros soma um número muito grande.”
Aproveitar os lucros futuros para receber crédito agora permitiria ao Ocidente “aumentar o valor desses fluxos de renda ao longo do tempo”, afirmou Singh.
Um responsável europeu disse ao jornal que, com base numa receita esperada de 50 mil milhões a 60 mil milhões de euros (53 mil milhões a 64 mil milhões de dólares), um título poderia gerar até 40 mil milhões de euros hoje, mas alertou que isso depende fortemente das taxas de juro futuras. .
Os credores também provavelmente teriam preocupações de que o conflito na Ucrânia seria resolvido dentro de vários anos, num acordo que implicaria a devolução de activos russos, acrescentou o relatório. As garantias estatais podem resolver isso, mas tais termos de empréstimo podem ser contestados em algumas jurisdições ocidentais, disse o FT.
Os EUA insistiram que os fundos de Moscovo não serão devolvidos até que Kiev esteja satisfeita. “A Rússia deve pagar pelos danos que causou na Ucrânia. E não cabe à Rússia decidir se ou quando isso acontecerá”, Singh disse durante sua viagem a Kiev.
Moscovo avisou que retaliará se os seus bens forem confiscados pelo Ocidente.
