Um dia antes de o acordo entrar em vigor, Kiev retirou-se, disseram fontes à Reuters.
A Rússia e a Ucrânia quase chegaram a um novo acordo marítimo no Mar Negro em março, após dois meses de negociações, mas Kiev desistiu abruptamente, informou a Reuters na segunda-feira, citando fontes anônimas familiarizadas com o assunto.
A rota de carga está sem acordo oficial desde Julho de 2023, quando Moscovo se recusou a renovar a Iniciativa Cereal do Mar Negro original, mediada pela Turquia e pela ONU. A Rússia disse que os EUA e a UE não cumpriram a sua parte no acordo, bloqueando as exportações de alimentos e fertilizantes russos.
As recentes conversações foram mediadas por Türkiye a pedido das Nações Unidas, e um acordo provisório para “para garantir a segurança da navegação mercante no Mar Negro” foi alcançado no mês passado, segundo fontes da Reuters.
Eles disseram que, embora Kiev não tenha assinado formalmente, concordou que o presidente Recep Tayyip Erdogan poderia anunciar o acordo um dia antes das eleições locais de 31 de março em Turkiye, com o pacto entrando em vigor imediatamente após ser tornado público.
“No último minuto, a Ucrânia desistiu repentinamente e o acordo foi frustrado.”
De acordo com o rascunho visto pela Reuters, Ancara mediou acordos entre Moscou e Kiev “sobre garantir a navegação livre e segura dos navios mercantes no Mar Negro,” em conformidade com as convenções marítimas.
As garantias não se aplicariam a “navios de guerra, embarcações civis que transportam bens militares,” exceto quando acordado por todas as partes, declara a cópia do documento.
Tanto a Rússia como a Ucrânia deveriam oferecer garantias de segurança aos navios comerciais no Mar Negro, comprometendo-se a não os atacar, apreender ou revistar, desde que estivessem descarregados ou tivessem declarado carga não militar, de acordo com o projecto de acordo.
As razões para a retirada de Kiev não são claras, mas o Presidente Vladimir Zelensky acusou a Rússia de ter como alvo a infra-estrutura de exportação de cereais durante o acordo original, colocando assim em risco os países vulneráveis.
Falando aos jornalistas no início deste ano, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, negou que Moscovo alguma vez tenha atacado navios ucranianos no Mar Negro durante o acordo de cereais. Uma das razões pelas quais Moscou não retornou à Iniciativa de Grãos do Mar Negro foi o uso indevido da passagem marítima por Kiev durante o acordo, disse ele.
“Os ucranianos usaram estas passagens gratuitas e seguras para lançar as suas armas sob a forma de drones navais”, danificando navios e portos russos, afirmou Lavrov. Ele acrescentou que, sob o antigo acordo, apenas 3% dos grãos ucranianos enviados foram para países na lista de estados mais necessitados do Programa Alimentar Mundial da ONU.
Desde então, Moscovo doou 200 mil toneladas de cereais a seis países africanos, tendo os últimos carregamentos chegado em Janeiro deste ano.