Carmen Menayo: “Cheguei a pensar que as portas da seleção estavam fechadas para mim”

Carmen Menayo (Puebla de la Calzada, 1998) vive a oitava temporada no Atlético de Madrid, onde atua como segunda capitã e onde conquistou todos os títulos nacionais -três Ligas, uma Taça da Rainha e uma Supertaça de Espanha-. O extremoduran conversa com o MARCA horas antes de enfrentar o Betis (domingo, 12h00, Dazn) no Cívitas Metropolitano, numa das sete finais que a equipa rubro-negra terá de disputar para atingir o objetivo de terminar a temporada em posições europeias.

P. O que significa para você retornar ao Cívitas Metropolitano?

R. Jogar aqui é muito especial, um cenário imbatível e para um jogo muito importante onde temos que conquistar os três pontos. Os nossos adeptos respondem sempre em Alcalá e nós sentimos isso, mas se puderes vir aqui poderás desfrutar de um grande jogo.

P. De vez em quando, a seleção feminina joga neste palco.

R. Esta é a casa dos meninos, mas nós a sentimos como nossa também. É um esforço que o clube faz na luta pela igualdade e temos que aproveitar e aproveitar porque são momentos que duram a vida toda.

P. Contra o Betis só a vitória vale a pena.

R. Sim, temos que somar estes três pontos e tudo o que pudermos daqui até ao fim. Temos um final de Liga muito bonito e emocionante, no qual devemos nos esforçar ao máximo.

P. Como está o vestiário após a derrota em Bilbao?

R. Todas as derrotas são difíceis, mas temos que ser autocríticos e resolver todos os erros que cometemos. Esta semana estamos trabalhando nisso e espero que nos próximos jogos consigamos somar os três pontos para alcançar o nosso objetivo que é entrar na Liga dos Campeões.

P. A equipe se sente excessivamente pressionada por isso?

R. Nosso objetivo é retornar à Europa. Sentimos essa pressão, mas de forma saudável. Não estamos tendo os resultados que gostaríamos, mas continuamos na luta e vamos tentar dar o nosso melhor para terminar bem a temporada.

P. Você já pegou a calculadora para ver quantos pontos precisa?

R. Temos que nos concentrar em nós mesmos. Se conseguirmos somar três em cada fim de semana, tenho certeza de que chegaremos lá e espero que sim.

P. Seria um fracasso ficar novamente fora da Europa?

R. (Bufar) Não gosto de chamar uma temporada de fracasso porque cada temporada é sobre aprendizado. Nosso objetivo final é entrar na Liga dos Campeões. Não o fazer seria uma tremenda desilusão, mas temos tempo para o conseguir e vamos tentar até ao fim.

P. É rara a temporada em que não houve mudança de treinador. Como você lida com essas mudanças de direção?

R. São decisões do clube. Vamos para a morte com o que for decidido. Somos profissionais e temos que dar o nosso melhor em cada treino e em cada jogo e essa deve ser a nossa linha independentemente de quem estiver no comando. Agora estamos com o Arturo e temos total confiança nele.

Carmen Menayo: “Não se qualificar para a Liga dos Campeões seria uma tremenda desilusão”

P. No seu caso, você pode jogar como ala ou zagueiro. Onde você se sente mais confortável?

R. Sempre disse que me sentia mais confortável como defesa-central, mas devido às necessidades da equipa tive que jogar como extremo. Onde quer que o treinador decidisse que poderia ajudar a equipe, ele estaria lá. Esta temporada tem sido como zagueiro e me sinto muito confortável com a confiança. Correr menos? Talvez sim, mas temos outras responsabilidades. Estou muito feliz por jogar como zagueiro e espero poder ficar lá por muito tempo.

P. Qual oponente foi mais desconfortável para você?

R. Cada equipa tem avançados muito diferentes, mas se tivesse que destacar um diria (Cristina) Martín-Prieto. Jogadores assim e com tamanho tamanho são difíceis de defender, embora eu ache que não têm sido ruins para mim nesta temporada. Nesta Liga F existem jogadores de alto nível e isso ajuda na melhoria individual.

P. O que significa para você ser o segundo capitão do time?

R. É um enorme orgulho e uma responsabilidade. Somos o espelho onde se olham muitas meninas que querem ser como nós no futuro e isso nos incentiva a nos exigirmos dentro e fora de campo.

P. Seu contrato termina em 30 de junho de 2025. Você já pensou no que será de você a seguir?

R. Estou muito tranquilo no Atlético de Madrid, focado no resto da temporada, em conquistar os pontos em jogo, na classificação para a Liga dos Campeões, em alcançar o nosso objetivo e em boas férias.

P. Em Alcalá você ouve aquele ‘Menayo, seleção’.

R. É algo para o qual estou sempre aberto. São presentes que chegam ao trabalho todos os dias e no meu caso ainda não chegaram. Isso me incentiva a continuar trabalhando, a continuar me esforçando. Sou uma pessoa muito autocrítica e sempre quero melhorar. Espero poder ter essa oportunidade um dia!

P. Durante algum tempo houve a impressão de que as portas da seleção nacional estavam fechadas para alguns jogadores. Você vê assim?

R. Em alguns momentos pensei que a porta estava fechada, mas isso nos encoraja, aqueles de nós que infelizmente não conseguimos abri-la, a continuar trabalhando. Tenho certeza que todos os jogadores espanhóis querem jogar pela seleção e isso aumenta o nível da competição.

P. Você foi convocado por Montse Tomé para a primeira lista do Sub’23. Agora que ela é a técnica principal da seleção nacional, você falou com ela?

R. Não falei com ela, mas nos momentos em que nos encontramos houve um bom relacionamento. Ela se preocupou comigo quando tive minha lesão na cruz cruzada e foi um toque legal. É bom para o futebol feminino que haja essa atenção e carinho.

P. Você sente aqueles insetos na barriga quando há uma ligação?

R. No meu caso não porque já não vá lá há muitos anos, mas é algo que espero, no futuro, trabalhar para isso, poder estar lá porque significaria que estou muito bem num diariamente.

P. Você disputou mais de 250 partidas como profissional (entre Santa Teresa, Atlético de Madrid e diversas categorias da seleção espanhola). Que sonhos você ainda tem para realizar?

R. Conquistei todos os títulos nacionais com o Atleti, mas gostaria de voltar a jogar a Liga dos Campeões e chegar às fases finais. A nível de seleções venci o Campeonato da Europa em categorias inferiores e gostaria de passar para o escalão sénior e disputar títulos como os que a seleção nacional está a conquistar agora.

P. Laia Aleixandri, Deyna Castellanos, Irene Guerrero, Leicy Santos… São muitos os jogadores que deixam o Atlético de Madrid para irem para o estrangeiro. O que está errado?

R. Não sei. Cheguei aqui há oito anos e ainda estou aqui. Estou muito animado e a cada temporada que passa fico mais ainda. Cada um tem suas circunstâncias, pessoais ou profissionais, que podem influenciar nessas decisões. Aqui está quem quer ser e espero que este projeto continue e que possamos continuar optando por muito mais coisas.

P. Estamos na época dos rumores de transferências. Como eles lidam com isso no vestiário?

R. Rimos do que é publicado. Sabemos que é um momento de agitação na mídia e que muitas coisas são faladas, algumas verdadeiras e outras mentiras, e encaramos isso com graça. O importante é focar nos sete jogos que faltam, são muitos pontos e tudo pode acontecer. Está tudo super apertado e temos que exigir que dêmos o nosso melhor e alcancemos o objetivo.

P. Está em Madrid há oito anos, mas mantém o seu sotaque extremadura…

R. (Risada) E que isso nunca me deixe! Eu mantenho isso porque converso com minha mãe todos os dias. Para mim é a minha origem, onde comecei a jogar, para onde posso ir nos dias de folga. São meu momento de tranquilidade, minhas férias, minha casa. Sinto muito orgulho de ser da Extremadura, do meu sotaque e de estar no Atleti.



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