Javi Martínez:

de Hugo é um restaurante italiano na Promenadeplatz de Munique. Do outro lado da rua fica o hotel Bayerische Hof, onde ele sempre se hospedou Michael Jacksonde onde em 1999 mostrou seus filhos pela janela e em frente à qual foi construído um mausoléu espontâneo desde a morte do cantor em 2009. É um dos recantos preferidos de Javi Martinez (Ayegi, 1988), apaixonado pela vida com a Alemanha e Munique.

Javi chegou à capital da Baviera no verão de 2012. Sua saída do Atlético Foi tempestuoso. As tentativas de negociação do Bayern com Ibaigane encontraram sempre a mesma resposta: cláusula ou nada. Assim, no dia 29 de agosto, foram depositados os 40 milhões de euros que tornaram o jogador navarro jogador do Bayern.

Com o gigante alemão foi campeão de tudo. Para começar, por ordem de Heynckes, Alcançou o trigêmeo em 2012-13, sendo peça capital de um time que teve tipo a em seus onze Croos e Alaba. Ao deixar o Bayern, em 2021, o fez com 24 títulos: 18 nacionais e seis internacionais, incluindo duas Ligas dos Campeões (2013 e 2020) e as respectivas Supertaças da Europa, com gols marcados em ambas. Em uma para forçar a prorrogação e vencer o Chelsea nos pênaltis e na outra para marcar o gol da vitória contra o Sevilla em Budapeste.

Nem mesmo a gravíssima lesão no joelho que sofreu contra o Borussia (13-8-2014) o torna Javi olhe para o seu passado Baviera com tristeza. Ele passou por momentos difíceis naquele ano sem jogar, mas encontrou apoio no clube que o tornou um bávaro para o resto da vida.

À beira da semifinal Bayern-Madrido ex-número 8 do Bayern conversa com MARCA sobre seu jogo favorito.

Perguntar. O que é um Bayern-Madrid?

Responder. Um clássico do futebol europeu. Parece história, como lenda. Quando você lembra de duelos históricos na Liga dos Campeões, aparecem aqueles entre Madrid e Bayern. Cresci com aquelas batalhas de Salihamidzic, Kuffour, Kahn, Effenberg, Raúl, Roberto Carlos, Hierro… Para a minha geração é o primeiro grande duelo que vivemos.

P. O que você lembra daqueles que você vivenciou por dentro?

R. O respeito que se sentiu entre as duas equipes. São dois dos maiores clubes da Europa, senão o maior. Eram jogos até a morte, épicos, místicos. Foi uma guerra! No bom sentido. A ida ao Bernabéu foi incrível pelo ambiente que se criou. Como aconteceu na Allianz. Você percebe o desejo das pessoas. Para mim é o grande clássico europeu, o melhor confronto histórico. E eles nunca se viram em uma final! É o jogo que a Liga dos Campeões tem pendente.

São jogos de morte, de épico, de mística. Foi uma guerra! No bom sentido

Javi Martínez, o menino de Ayegui que jogou no melhor clube do mundo

P. Do lado do Bayern, como foi quando o Real Madrid apareceu novamente?

R. Era normal que fosse a vez do Madrid. Ele nunca falha e está sempre nas rodadas finais. É uma questão de tempo até que eles encontrem você se você quer ser campeão. Para fazer isso você tem que vencer os melhores. E Madrid estará sempre lá.

P. Das suas três eliminações pelo Real Madrid, qual foi a mais difícil?

R. Talvez a semifinal de 2018. Os pequenos detalhes não perdoam. O que acontece com o Real Madrid é que nunca se pode confiar nele, nunca se pode considerar a eliminatória como garantida. Ele tem uma mística com a Liga dos Campeões que o torna perigoso em qualquer circunstância. Foi o que ele fez com o City há duas temporadas.

O Real Madrid tem uma mística com a Liga dos Campeões que a torna perigosa em qualquer circunstância

P. Um profissional de futebol pode explicar o que foi vivenciado naquele dia?

R. Bem, eu experimentei isso no Bernabéu. Foi algo incrível. Não consigo explicar. Eu tinha certeza de que o City estava na final. É impossível para mim voltar atrás, disse a mim mesmo, por mais que venham do Chelsea e do PSG. Quando Grealish me enfrentou, eu disse o que todo mundo fez: é isso. Então Mendy tira e o que acontece acontece. Eu, que não sou torcedor do Real Madrid, me peguei pulando por causa do que tinha acabado de ver, vivenciar. Por causa de quão incrível e chocante isso foi.

Eu, que não sou torcedor do Real Madrid, me peguei pulando por causa do que tinha acabado de ver, vivenciando a reviravolta contra o City. Por causa de quão incrível e chocante isso foi.

P. Já jogou muitas vezes como adversário no Santiago Bernabéu. Parece?

R. É um campo espetacular. Imponente. A primeira vez que você entra, você bate. É como se uma enorme parede de assentos caísse sobre você. Não é como outros estádios onde as arquibancadas abrem e as pessoas parecem se afastar. Não, é como olhar para uma parede vertical. Isso te impressiona muito. Mas eu joguei na Alemanha…

Gol de Javi Martínez (2-1) no Bayern 2-1 Sevilla

P. Isso significa…

R. O ambiente no Bernabéu é imponente, mas, para mim, os adeptos na Alemanha falam mais alto e fazem-se mais visíveis.

P. Eu estava errado se você fosse falar comigo sobre o Dortmund.

R. Exato. Essa é a atmosfera mais impressionante que já experimentei. O Borussia é o rival contra quem você mais sente pressão, o que pressiona as arquibancadas. A história da parede amarela não é uma lenda, é real. Se eu tivesse que dizer dois estádios em que o jogador visitante sente um choque emocional por pressionar as arquibancadas, seriam o Dortmund e o Bernabéu. Imagino que os times que vão para o Allianz também sintam algo parecido.

Dortmund e Bernabeú são os dois campos que mais impressionam o rival

P. O que você achou do jogo do Real Madrid na casa do Manchester City?

R. Pode ter surpreendido muita gente, mas tenho certeza de que o Real Madrid defende muito bem. Carlo é um treinador muito inteligente. No Manchester City, e menos ainda no Etihad, você não pode sair e jogar cara a cara, mandando ver quem bate mais forte. É a melhor equipa da Europa. Se ele vai jogar para pressionar alto, para deixar espaços, então você vai ver um time invencível. Dessa forma, ninguém os vence. Diante disso, Ancelotti, com sua sabedoria e inteligência, propôs uma ideia com bloco baixo. Ele sabia que não era bonito, que não era o que sua equipe e seu pessoal estão acostumados. Mas ele disse: isso é quartas de final da Liga dos Campeões e o que importa é o time que estará nas semifinais. E foi Madri.

Contra o City, Carlo disse para si mesmo: “Estas são as quartas de final da Liga dos Campeões e o que importa é o time que estará nas semifinais”. E foi Madri.

P. Você não acha que o risco era muito alto.

R. O que penso é que o Real Madrid conduziu o jogo de uma forma incrível. A ajuda foi constante. Os extremos do City não conseguiram dominar e isso é um elemento vital para as equipas de Guardiola. Sorte? Eu não acho que essa seja a palavra. É a mística que o Madrid tem com a Liga dos Campeões. O Real Madrid tem isso. E mostrou que tem capacidade de resistência, de sofrimento. Eles fizeram um esforço titânico.

P. Você fala de Ancelotti, seu treinador no Bayern entre 2016 e 2017. Que legado pessoal ele deixou para você?

R. Muito e muito bom. Ele me deu muita confiança. Ele me fez acreditar muito nas minhas possibilidades, nas minhas virtudes. Com ele evoluí muito a nível tático. Ele me colocou como zagueiro e me ajudou a melhorar nas coisas que eu precisava. Mas, acima de tudo, na confiança que depositou em mim, em me mostrar tudo de bom que podia fazer. Sou realmente grato a você.

P. Dizem que é um pouco chato para os jogadores.

R. E é verdade. Ele sempre tenta proteger seu time, administrar cada jogador e seus egos. E isso importa muito no vestiário.

P. Mas as coisas terminaram mal…

R. Viemos de um período de muito sucesso e as exigências do Bayern são enormes. Tínhamos vencido a Supertaça, a Bundesliga começou bem – quatro vitórias, um empate e uma derrota – e vencemos o Anderlecht por 3-0 na primeira jornada da Liga dos Campeões. Foram dias difíceis e chocantes. Porque foi baixar um pouco o nível e trocar de treinador. Eu, pessoalmente, passei mal.

P. Mas houve jogadores do Bayern que disseram que pouco trabalho foi feito com Ancelotti.

R. Eu não tive essa sensação. As sessões de treinamento podem ter sido mais curtas, mas não piores. Foi diferente. Treinamos bem. Questionar a metodologia de Carlo Ancelotti é um absurdo, uma besteira. Aí está o que ele conseguiu. Onde quer que ele vá, ele é um campeão. Nada do que ele conquistou é alcançado sem trabalho.

Questionar a metodologia de Carlo Ancelotti é um absurdo, uma besteira. Sem trabalho você não ganha tudo o que ganhou

Javi Martinez fala sobre os momentos difíceis que sofreu após a lesão

P. Vamos falar das estrelas desta semifinal. Um por equipe: Bellingham.

R. Quando ele chegou ao Dortmund, embora não tenha jogado muito, dava para ver que ele era espetacular, especial. Na Alemanha ele foi caixa em caixa, uma vieira. E ele se descobriu como um grande artilheiro. Mas ele já viu o que é isso, baixou um pouco os números, mesmo não tendo chegado para ser artilheiro. Os lobos já estão lá.

P.Harry Kane.

R. Um animal objetivo. Mas tem muito mais coisas. Um grande jogador de futebol.

P. Quem vai para a final?

R. Ufa! Espero que o Bayern. Mas está mais do que nunca em 50%. A Bundesliga do Bayern tem sido aceitável, mas encontrou algo único no Leverkusen desta temporada. Mas o Real Madrid não deve pensar que o Bayern é o que diz a classificação da Bundesliga. Nestes jogos e na Liga dos Campeões ele aparece sempre.

Que o Real Madrid não pense que o Bayern é o que diz a classificação da Bundesliga.

P. Quem passar será o campeão?

R. Não é necessário. Não é uma final antecipada. Do outro lado estão duas equipes muito boas. E tem o fator Mbappé, que para mim é o jogador mais decisivo do mundo. Ele é capaz de mudar qualquer jogo, como vimos na final da Copa do Mundo. Se o PSG passar, claro. Acho que vão passar, mas veremos…

P. Você consegue imaginar Mbappé em Madrid?

R. E quem não gostaria, com a guerra que você travou! Claro que imagino. O melhor clube para ser o melhor jogador do mundo é o Madrid, por tudo que movimenta. Para mim é o melhor do mundo, claramente. Mas se quiser ser reconhecido em todo o mundo, você deve dar esse passo.

Mbappé? O melhor clube para ser o melhor jogador do mundo é o Madrid

P. Finalmente: Vinicius, Nico Williams no sábado. Como é ver a Espanha como um país racista visto de fora?

R. Com raiva. É ultrajante sermos vistos assim por quatro idiotas incivilizados. 95% das pessoas não são racistas e não há direito dessas pessoas falarem assim sobre o país inteiro.

É ultrajante que sejamos vistos como um país racista por causa de quatro idiotas incivilizados



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