“Os números deste último ciclo olímpico são os melhores da história”

Faltam pouco mais de 90 dias para o início do Jogos de Parisoutros três presidentes de Federações se reúnem no MARCA para falar sobre os objetivos de suas disciplinas. Fernando Carpena (natação), José Luis Abajo ‘Pirri’ (esgrima) e Jesus Castellanos (taekwondo) estrelar esta edição da ‘Parada Olímpica’.

Depois dos sucessos da Copa do Mundo de Doha, em que a Espanha conquistou medalhas nas cinco modalidades olímpicas (natação, natação artística, natação em águas abertas, saltos ornamentais e pólo aquático), com que expectativas você vem a Paris?
Fernando Carpena. Você tem que ser muito cauteloso. Os resultados do Mundial foram os melhores da história, não tanto em termos de número de medalhas que por vezes ultrapassamos. Obviamente, a plataforma a partir da qual partimos nos entusiasma, mas insisto na cautela.
O crescimento da cerca espanhola é evidente, mas será que Paris chegará cedo demais?
José Luis Abajo ‘Pirri’. Não vou ser cauteloso. Vamos conseguir a próxima medalha olímpica nos Jogos de Paris.
Ele quer ter um sucessor agora…
JL Abaixo. Muitas fotos, muitas entrevistas… Brincadeiras à parte, acho que estamos muito preparados. E principalmente Lucía é uma das melhores atiradoras do mundo. Eu sei que ela está muito ansiosa. Ela tem absolutamente todas as qualidades e muitas opções para ser medalhista.
Parece que o taekwondo é um daqueles esportes em que é quase mais difícil se classificar para os Jogos do que ganhar uma medalha depois.
Jesus Castellanos. Temos um ciclo muito complicado porque a classificação é muito dura. Foram três anos, neste caso, rodando por todo o mundo, em todos os Grandes Prémios, em todos os grandes prémios, para conseguir esses pontos e entrar por classificação. Praticamente não tivemos o último lugar (de Cecília Castro) até o último segundo. Conquistamos o primeiro desafio, que é envolver os atletas. Mas é um sacrifício de ciclo horrível estar lá.

O presidente da Federação Espanhola de Natação fala sobre as opções para o seu esporte em Paris

A priori, as opções de medalhas na natação passam por Hugo González, como no passado passaram por Mireia Belmonte. Você está preocupado com essa dependência de um único atleta?
F. Carpena. Concentrar o sucesso numa única pessoa é atribuir-lhe uma responsabilidade que, em qualquer caso, deve ser partilhada. Obviamente Hugo é uma referência. Desde júnior ele mirava, mas agora em plena maturidade praticamente garante uma ou duas finais, mas é preciso conseguir. Não quero me concentrar em Hugo. O grande sucesso que tivemos também na natação é que classificamos quatro revezamentos pela primeira vez na história e junto com os demais atletas que classificamos individualmente vamos liderar uma equipe compacta na natação. Focando no Hugo, é bom termos uma referência, mas ele é uma peça importante da equipe e o Hugo se sente assim.
Até que ponto é difícil promover um desporto como a esgrima?
JL Down ‘Pirri’. Quando estamos numa escola, numa instituição ou fazemos uma exposição, faz muito sucesso. Imagine as crianças quando vão tentar. O que acontece é que isso não se traduz para os pais. Temos que procurar aquela chave na exposição, que eles adoram, até que o pai chega indicando-lhes uma atividade extracurricular. No final somos exóticos e temos que tentar entrar furtivamente lá.
Adriana Cerezo treina no Hankuk Club de San Sebastián de los Reyes e seus resultados são excepcionais. É bom que os centros de alto desempenho não sejam uma etapa obrigatória?
J. Castellanos. Temos que estar atentos aos tempos que vivemos. No taekwondo temos cada vez mais clubes profissionais. Isso não acontecia antes, mas agora temos alguns clubes que estão se movimentando, que saem pelo mundo para conseguir esses rankings e costumamos dizer que se algo funciona, não mexa. A Adriana está muito confortável onde está treinando e na verdade temos o caso da Cecília, que é o mesmo. Eles contam com a total colaboração da Federação. Os clubes estão se profissionalizando e temos que contar com eles.

O presidente da Federação Espanhola de Taekwondo vê possível ultrapassar as 92 medalhas do Barcelona

Se no MARCA tivéssemos que nos molhar, diríamos que a medalha dos ‘Guerreiros da Água’ é mais ‘segura’ do que a da secção masculina. Você concorda?
F.Carpena. Não, não concordo. Sim, eles têm possibilidades, ambos as têm. É óbvio que a trajetória feminina desde Londres 2012 é impecável, sempre brigando por medalhas. Mas os meninos seguem a mesma linha desde 2018. Ambas as equipes têm grandes possibilidades. Tem um dia que é fundamental, que são as quartas de final. Se você superá-los, você vai para a medalha. Conseguimos isso nos últimos Campeonatos Europeus e Mundiais. A Hungria conseguiu há muito tempo, que no pódio de um Europeu ou de um Mundial, não importa o lugar que ocupem, seja a seleção masculina ou a seleção feminina do mesmo país.
A esgrima com mais investimento poderia ser uma importante fonte de medalhas?
JL Down ‘Pirri’. Quanto mais investimento, mais medalhas, isso é matemática. Não estamos no mesmo nível de outros países. Em igualdade de condições, temos uma componente competitiva super forte, que temos porque somos espanhóis, porque somos latinos e porque estamos habituados ao que aqui somos. Estamos fazendo muito com os recursos que temos. Se tivéssemos mais, estaríamos falando em nos colocar entre os 5 primeiros do mundo. Todos os esportes são muito disputados, passamos por muitas dificuldades. Os orçamentos para o desporto deveriam ser aumentados porque também traz consigo muitos benefícios, tanto para a saúde como para a alegria. Não sei se existe alguma entidade que traga mais alegria que o desporto neste país e que não seja reconhecida.
Qual é o segredo do taekwondo espanhol nos Jogos?
J. Castellanos. Tivemos um grande presidente internacional que mudou o nosso desporto ao trazer tecnologias para Londres. Tínhamos os equipamentos eletrônicos e os capacetes, os replays dos vídeos. Era uma necessidade e graças a isso ficou demonstrado que o taekwondo espanhol estava ao mais alto nível. Três representantes, três finais, um ouro e duas pratas em Londres. A partir daí, a Espanha não saiu do pódio em todos os Jogos em que estivemos. Aqui o nível é tão alto que qualquer um vem atrás de você e te tira do caminho. Nos últimos Jogos, apenas três países classificaram quatro atletas: Espanha, Rússia e Coreia.

O presidente da Federação Espanhola de Esgrima aposta que em Paris serão 23 medalhas.

Os editores da MARCA e os presidentes das Federações de Natação, Esgrima e Taekwondo.RAFA CASAL



Fuente