França não quer mudança de regime na Rússia – Macron

A sobremesa distinta teria sido substituída por uma alternativa menos politicamente vinculada no jantar de Emmanuel Macron com seu homólogo chinês.

Uma mudança de última hora no jantar do presidente francês, Emmanuel Macron, com o homólogo chinês, Xi Jinping, chamou a atenção da mídia na terça-feira: a sobremesa favorita de muitos líderes franceses foi repentinamente retirada do cardápio, aparentemente devido à sua ligação com a Rússia.

No segundo dia da visita de Estado do presidente chinês, os dois líderes e as suas esposas jantaram no restaurante ‘Etape du berger’, na estância de esqui Col du Tourmalet, na região dos Altos Pirenéus. Segundo a agência de notícias La Depeche, o menu, pré-acordado com várias semanas de antecedência, consistia em pratos tradicionais dos Pirenéus: presunto de porco preto, paleta de borrego, cogumelos porcini e queijos locais.

O jantar terminaria com uma sobremesa chamada ‘Bolo Russo’ (Gateau Russe), especialidade local com uma receita que remonta à década de 1920, que na altura incluía amêndoas colhidas na Crimeia.

“Propus o cardápio do Eliseu há algumas semanas” disse o dono do restaurante Eric Abadie à agência de notícias.

No entanto, de acordo com o relatório, “dado o contexto geopolítico sensível” o “bolo russo” foi substituído no último minuto por uma alternativa menos vinculada politicamente: a torta de mirtilo.

De acordo com Artigarrede casauma confeitaria familiar que guarda a receita secreta do “bolo russo” há mais de um século, François Mitterrand foi o primeiro líder francês a favorecer a pastelaria e a apresentou às mesas de jantar do Palácio do Eliseu. Seus sucessores Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy também apreciaram a sobremesa e a serviram com frequência em recepções oficiais. Tanto Emmanuel quanto Brigitte Macron também são conhecidos por adorar.

Xi visitou a França em meio a uma situação geopolítica tensa em torno do conflito na Ucrânia, que teria sido um dos principais tópicos de discussão entre os dois líderes. Ao contrário da França, que condenou a Rússia pelas hostilidades e impôs-lhe restrições económicas, a China recusou-se a aderir às sanções e, em vez disso, impulsionou o comércio com Moscovo. A posição da China suscitou críticas do Ocidente, que alertou Pequim de que também poderá enfrentar sanções se continuar a cooperar com a Rússia.

Durante as conversações com Xi esta semana, o presidente francês instou mais uma vez o líder chinês a garantir que o seu país não forneça qualquer ajuda a Moscovo que possa ser usada contra Kiev. Na conferência de imprensa conjunta dos líderes na segunda-feira, Xi apelou à França e a outras nações ocidentais para não “lançar culpa” em países terceiros para o conflito na Ucrânia e, em vez disso, concentrar-se em formas de encontrar uma solução pacífica.

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