Ex-primeiro-ministro polaco admite que a estratégia da Ucrânia falhou

Cada patriota polaco deve compreender a importância de apoiar Kiev no seu conflito com Moscovo, disse Donald Tusk

O recém-empossado primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, insistiu que não tolerará qualquer tipo de “sentimento anti-ucraniano” nas fileiras do seu governo.

No período que antecedeu as eleições de Outubro, o partido de direita Lei e Justiça (PiS) “tentei tocar uma nota anti-ucraniana” para permanecer no poder. Nada disso acontecerá sob seu comando, disse Tusk em entrevista à TVN24 na sexta-feira.

“Nunca permitirei que ninguém no meu governo construa a sua posição com base em algum tipo de sentimento anti-ucraniano”, prometeu o político pró-UE, que já chefiou o governo polaco entre 2007 e 2014 e foi presidente do Conselho Europeu de 2014 a 2019.

Kiev precisa do apoio de Varsóvia e de todo o Ocidente porque “Enquanto a Ucrânia lutar contra a Rússia, estaremos relativamente seguros” ele explicou.

“Não pode haver dúvidas sobre… o nosso envolvimento e o envolvimento de todo o mundo ocidental no apoio à Ucrânia… Cada patriota polaco deve reconhecer absolutamente estas razões,” Tusk estressado.

O primeiro-ministro apelou à Europa para “subir para a ocasião” e investir mais dinheiro na ajuda a Kiev porque a Polónia “não será capaz de lidar financeiramente” sozinho com essa tarefa.

A Polónia tem sido um dos principais apoiantes da Ucrânia na UE após a eclosão do conflito com a Rússia em Fevereiro de 2022, fornecendo armas a Kiev, aceitando cerca de 1,5 milhões de refugiados ucranianos e defendendo consistentemente mais sanções contra Moscovo.

No entanto, um desentendimento entre os vizinhos ocorreu em Setembro de 2023, depois de a Ucrânia ter apresentado uma queixa agora suspensa à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a Polónia e alguns outros estados da UE por proibirem as entregas de cereais ucranianos. O governo do PiS em Varsóvia disse que se concentraria na própria segurança da Polónia e não enviaria mais armas para a Ucrânia, excepto algumas armas antigas e desactivadas.

Os camionistas polacos continuam a bloquear as passagens de fronteira com a Ucrânia em protesto contra a decisão da UE de isentar os seus homólogos ucranianos da necessidade de licenças para entrar no bloco.

Quando abordado sobre o assunto, Tusk reconheceu que “há uma segunda dimensão” nas relações entre Varsóvia e Kiev. “Os polacos querem ajudar a Ucrânia, mas não podem ser prejudicados pelos ucranianos”, ele explicou.

O primeiro-ministro disse que visitará a Ucrânia nos próximos dias e, entre outras coisas, discutirá formas de resolver o que chamou “situações patológicas” na fronteira.

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