Xavi e Laporta, história de desgosto

Xavi Hernández Ele anunciou na semana passada, após o jogo contra o Villarreal, que deixaria o banco do Barça no dia 30 de junho, apesar de ainda ter mais um ano de contrato. Não foi um calor fruto da dura derrota infligida pelos levantinos. O técnico já vinha pensando na ideia há algum tempo. Sua saída é resultado do distanciamento da Diretoria e do desgaste causado pelo cargo.

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Xavi gostou de ser treinador na temporada passada. O clube gastou mais de 150 milhões para reforçar o elenco. Embora houvesse os seus problemas lógicos, foi um bom ano com a conquista da Liga, da Supertaça e a impressão de que se construía uma equipa que crescia ao longo do tempo. Mas a partir daí vieram os problemas que prejudicaram o técnico.

Desde o início, as saídas de Mateu Alemany e Jordi Cruyff não foram um bom presságio para o treinador. O grupo formou um triunvirato coeso, eficazes e imunes às tentativas do Conselho de Administração, basicamente Laporta, de entrar na sua área. Mas Mateu ficou aliviado, embora não imediatamente, logo após dizer que pretendia ir para o Aston Villa. E Jordi, vendo a situação, decidiu não renovar o contrato. Xavi foi deixado sozinho.

Alemany, Jordi e Xavi.

Alemany, Jordi e Xavi.JOS A. GARCA

Substituição de Busquets

Os problemas surgiram na hora de fazer o modelo. Mas não porque Deco e Xavi não se entendessem, mas porque O Fair Play Financeiro era muito restrito. Prometeram ao treinador que o dinheiro apareceria, mas nunca chegou. É verdade que Xavi queria Zubimendi ou Kimmich e não os trouxeram para ele, mas não porque não quisessem, realmente não podiam.

Aqui Laporta já queria fazer a sua primeira tentativa de intervencionismo. Ele pretende trazer Ruben Neves para esse cargo. Xavi nem queria isso na pintura. Ainda bem que o Deco interveio aqui a favor do técnico. e fez com que o presidente rejeitasse sua ideia. Eles não conseguiram trazer para Xavi um pivô de categoria porque grande parte do Gndogan ficou com a pouca margem salarial que o time tinha. Aqueles que O substituto de um jogador importante como Busquets foi Oriol Romeu.

Cancelo e João F

Cancelo e João Flix, no dia da apresentação.EFE

O último mercado de verão

Enquanto esperavam o dinheiro das alavancas, os 40 milhões do Libero, todos faziam apostas sobre os possíveis movimentos do mercado do Barcelona. Não houve renda e as melhores opções que sobraram para Bara foram as contratações de Cancelo e João Flix graças ao trabalho de Deco com Mendes para que reduzissem consideravelmente as suas fichas. Não eram os jogadores que Xavi queria, mas era isso ou nada. Não é de estranhar que, quando mais tarde perguntaram ao Egarense se este plantel era melhor ou pior que o do ano passado, ele se tenha revelado evasivo. “Isso pode ser avaliado no final da temporada”, década.

ponto de inflexão

Depois a derrota para o Madrid em Montjuc por 1-2, tudo começou a dar errado. Até aquele momento as coisas iam bem e a equipe transmitia boas sensações. Mas vieram lesões e a perda de alguns jogadores importantes, causando uma sequência de resultados ruins. O ambiente começou a apontar para o treinador, esquecendo-se que era o atual campeão da Liga. Isso machucou Xavi. Aqui o discurso triunfalista de Laporta não ajudou. O presidente deu a entender que esta equipa voltaria a vencer a Liga e teria condições de vencer a Liga dos Campeões. Foi mais uma ilusão do que uma realidade, mas muitos membros acreditaram.

Jogadores do Real Madrid comemoram gol em Montju

Jogadores do Real Madrid comemoram gol em Montjuc.FRANCESC AVANÇADO

O intervencionismo de Laporta

E aí houve dois movimentos que deixaram o treinador afetado e foram o gatilho para ele começar a tomar a decisão de não cumprir o contrato. Um deles foi o encontro que o presidente teve com Rafa Márquez em Palams aproveitando uma reunião subsidiária. Ele descreveu o ambiente presidencial como anedótico, já que o presidente tinha uma casa em S’Agaro, a poucos quilômetros de onde a partida foi disputada. O que acontece é que esse encontro aconteceu logo após o empate contra o Rayo e todos os tipos de rumores começaram a surgir sobre um substituto.

A segunda foi mais grave. Xavi queria dar um descanso a Lewandowski e Gndogan para o jogo da Liga dos Campeões em Antuérpia, em que a equipa não tinha nada em jogo. Ele não os incluiu na ligação, o que irritou Laporta que marcou uma reunião com Deco e o treinador. Xavi teve que recuar e convocou os dois jogadores, cedendo ao intervencionismo do presidente. Foi um duro golpe para a imagem do treinador entre o elenco.

Sem dinheiro para compensar as vítimas

Os problemas no reforço da força de trabalho também ocorreram neste mercado. Os ferimentos de Gavi e Balde não puderam ser substituídos devido aos problemas financeiros que o clube continua a ter porque seis meses depois ainda não apareceram os 40 milhões de Líberos que teriam desbloqueado a pena imposta pela Liga pelo referido não pagamento. O treinador queria um meio-campista e um ponta, mas só veio Vitor Roque. E não foi pela teimosia da Direção Desportiva, mas sim pelos problemas financeiros que o clube tem. Os gastos de Roque para a próxima campanha já estavam planejados, mas não os de outros possíveis reforços que haviam chegado. Não houve espaço para trazer mais e o resultado é que Xavi ficou sem dois jogadores internacionais e sem substituto.

Todos estes factores têm deteriorado a relação de Xavi com o presidente, não a nível emocional, mas a nível profissional, o que levou a a decisão do técnico de não cumprir o seu contrato. E depois, claro, a pressão implacável do ambiente que não perdoou os maus resultados da equipa e alguns erros do treinador nas conferências de imprensa.



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