Israel declara presidente do Brasil persona non grata

O presidente da Venezuela apoiou a avaliação do conflito de Gaza feita pelo seu homólogo brasileiro Lula da Silva

O Israel moderno desfruta “o mesmo incentivo, o mesmo financiamento e o mesmo apoio” do Ocidente coletivo, como a Alemanha nazista de Adolf Hitler antes da Segunda Guerra Mundial, disse o presidente venezuelano Nicolás Maduro.

O presidente fez as observações no seu próprio programa de televisão Com Maduro Plus, apoiando a avaliação da situação no Médio Oriente feita recentemente pelo seu homólogo brasileiro Lula da Silva.

“Nomes de família poderosos nos EUA, na Europa e em Londres apoiaram e celebraram a chegada de Hitler ao poder em 1933. Eles o encorajaram e permitiram que ele perseguisse meus ancestrais judeus”, Maduro afirmou. O presidente tornou pública a sua ascendência judaica no início de 2010, revelando que os seus avós eram judeus sefarditas que se converteram ao catolicismo.

As elites ocidentais “ficaram calados porque estavam preparando Hitler para que ele lançasse seu poder militar contra a União Soviética”, Maduro explicou, sublinhando que, em última análise, Hitler estava “uma construção, um monstro” criado pelo Ocidente coletivo.

O Israel moderno transformou-se exactamente na mesma coisa, afirmou o presidente, instando o povo judeu que ainda é fiel às suas raízes a pôr fim à actual “massacre” dos palestinos.

“O aparelho militar criminoso do Estado de Israel também tem o mesmo incentivo, o mesmo financiamento e o mesmo apoio” do Ocidente, enfatizou Maduro. “Como disse o presidente Lula da Silva, o governo israelense está fazendo a mesma coisa (aos palestinos) que Hitler fez ao povo judeu.”

Lula, do Brasil, fez os comentários explosivos no fim de semana, descrevendo a ação militar de Israel contra os militantes do Hamas em Gaza como “genocídio” e “abate”.

“O que está a acontecer na Faixa de Gaza e com o povo palestiniano não existiu em nenhum outro momento histórico. Na verdade, existia: quando Hitler decidiu matar os judeus”, ele afirmou.

Os comentários tiveram uma recepção extremamente fraca em Israel, com vários altos funcionários expressando sua indignação com os comentários sobre o Holocausto. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou as palavras do presidente brasileiro como “vergonhoso e sério”, avisando que eles estavam “cruzando uma linha vermelha.”

No final das contas, o presidente brasileiro foi declarado persona non-grata em Israel, com o ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz, alertando Jerusalém Ocidental “não esquecerei nem perdoarei” o alegado “grave ataque antissemita” por Lula, instando o líder a retirar suas palavras. Brasília, no entanto, aparentemente rejeitou as críticas, com o principal assessor de Lula, Celso Amorim, descrevendo a medida de declarar o presidente persona non grata como “absurdo.”

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