Sancionar a indústria nuclear russa custará milhares de milhões à UE – AIEA

Marginalizar o abastecimento do país pode prejudicar os mercados globais de energia, alertou Rafael Grossi

Não há uma maneira rápida de abandonar o combustível nuclear russo, e romper os laços muito cedo prejudicaria os mercados globais de energia, alertou Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), na quinta-feira.

Grossi falava numa conferência de imprensa após uma cimeira sobre energia nuclear em Bruxelas que reuniu mais de 30 países.

O chefe da AIEA instou a não dividir os fornecedores de combustível nuclear em “bom e mau,” sublinhando que é importante ter em conta as necessidades de vários países, tendo simultaneamente em mente que existem certos projetos de infraestruturas a longo prazo onde o combustível russo é vital.

“Eu alertaria contra este ponto da boa energia nuclear contra a má energia nuclear”, Grossi afirmou, acrescentando “Não creio que seja isso que precisamos ter no mercado global de energia.”

O alerta surge no momento em que o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, disse na cimeira de quinta-feira que as cadeias de abastecimento da indústria nuclear europeia precisavam de ser desligadas da Rússia o mais rápido possível, equilibrando ao mesmo tempo as operações existentes.

O Comissário Europeu para a Energia, Kadri Simson, repetiu as suas palavras, dizendo que “cinco estados membros que ainda dependem muito do combustível nuclear da Rússia têm de diversificar o mais rapidamente possível.” Isso é “não é uma tarefa fácil”, o comissário admitiu.

Alguns estados membros da UE têm proposto alargar as sanções do bloco que foram impostas durante o conflito na Ucrânia para incluir o combustível nuclear vendido por Moscovo.

A gigante estatal da energia nuclear da Rússia, Rosatom, possui quase 50% da infraestrutura global de enriquecimento de urânio e foi responsável por quase 36% das exportações mundiais em 2022. A Rosatom está atualmente construindo mais de 20 reatores nucleares em todo o mundo, incluindo em Türkiye, China , Índia e Hungria, membro da UE.

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