Migrantes e desabrigados saíram de Paris antes das Olimpíadas

Instituições de caridade afirmam que as autoridades estão retirando moradores de rua antes dos Jogos deste verão

A polícia francesa realizou um despejo em grande escala na maior ocupação do país, em Paris, apenas 100 dias antes do início dos Jogos Olímpicos na cidade, informou a mídia local.

A ocupação, na sede abandonada de uma empresa de ônibus em Vitry-sur-Seine, abrigava até 450 pessoas, incluindo 20 crianças e 50 mulheres, segundo trabalhadores humanitários. Pelo menos dez crianças frequentavam escolas locais.

As imagens do despejo na quarta-feira se espalharam rapidamente pelas redes sociais.

As imagens mostraram policiais forçando a entrada no campo e examinando quartos trancados enquanto supervisionavam a remoção dos residentes. Camas e móveis improvisados ​​foram vistos no chão e nos corredores do prédio, além de pertences pessoais abandonados. Os migrantes despejados reuniram-se no exterior com malas prontas, enquanto outros foram vistos embarcando nos autocarros.

Os activistas associaram a medida ao esforço mais amplo das autoridades parisienses para expulsar os migrantes e outras pessoas que dormem na rua antes dos Jogos Olímpicos de Verão. Eles afirmam que o governo lançou a campanha para tornar a capital francesa “mais apresentável.”

“A ocupação foi a maior da França. Dobrou de tamanho em um ano por causa das Olimpíadas. No ano passado, as autoridades expulsaram migrantes das proximidades da Vila Olímpica e muitas pessoas deslocadas vieram para cá”, Paul Alauzy, da ONG Medecins du Monde, disse à AP.

Alauzy, que também é porta-voz do Revers de la Medaille (O Outro Lado da Medalha), um coletivo de instituições de caridade e trabalhadores humanitários, disse que moradores de rua e ocupações foram constantemente evacuados durante o ano passado.

Os trabalhadores humanitários alertaram que os Jogos Olímpicos estão a afectar os sem-abrigo mais vulneráveis ​​na área de Paris, uma vez que os desalojados não recebem assistência habitacional a longo prazo.

Quando questionada sobre a evacuação de quarta-feira, a ministra dos Esportes francesa, Amelie Oudea-Castera, disse “não tem nada a ver com as Olimpíadas”, de acordo com a AP.

Anteriormente, as autoridades francesas alegaram que as recentes deslocalizações foram o resultado de os centros de alojamento de emergência terem atingido a saturação, alegando que a medida não estava relacionada com os Jogos.

A França recebeu 167.000 pedidos de asilo em 2023, o segundo maior número na UE. Os migrantes eram principalmente da África, do Sul da Ásia e do Oriente Médio.

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