Um homem caminha por uma fazenda destruída pelas correntes das enchentes causadas pelas fortes chuvas em Jacarezinho, Rio Grande do Sul, Brasil, 5 de maio de 2024. REUTERS/Diego Vara

Mais de 88 mil pessoas estão deslocadas quando as enchentes atingem o estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil.

Enchentes massivas no estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, mataram pelo menos 75 pessoas nos últimos sete diase outros 103 foram dados como desaparecidos, disseram as autoridades locais.

Os danos causados ​​pelas chuvas também forçaram mais de 88 mil pessoas a deixarem suas casas, disseram autoridades estaduais de defesa civil no domingo. Aproximadamente 16 mil refugiaram-se em escolas, ginásios e outros abrigos temporários.

As inundações deixou um rastro de devastação, incluindo deslizamentos de terra, estradas destruídas e pontes desabadas em todo o estado. As operadoras relataram cortes de eletricidade e comunicações. Mais de 800 mil pessoas estão sem abastecimento de água, segundo a defesa civil, que citou números da empresa de água Corsan.

“Repito e insisto: a devastação a que estamos sendo submetidos não tem precedentes”, disse o governador do estado, Eduardo Leite, na manhã deste domingo. Ele já havia dito que o estado precisará de uma “espécie de ‘Plano Marshall’ para ser reconstruído”.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, visitou o Rio Grande do Sul pela segunda vez no domingo, acompanhado pelo ministro da Defesa, José Mucio, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, entre outros. O dirigente e sua equipe percorreram as ruas alagadas da capital do estado, Porto Alegre, a partir de um helicóptero.

“Precisamos parar de correr atrás de desastres. Precisamos ver com antecedência quais calamidades podem acontecer e precisamos trabalhar”, disse o presidente Lula aos jornalistas depois.

Um homem caminha por uma fazenda destruída pelas correntes das enchentes causadas pelas fortes chuvas em Jacarezinho, Rio Grande do Sul, Brasil (Diego Vara/Reuters)

O rio Guaíba atingiu o nível recorde de 5,33 m (17,5 pés) na manhã de domingo, superando os níveis vistos durante um dilúvio histórico de 1941, quando o rio atingiu 4,76 m (15,6 pés).

Durante a missa de domingo no Vaticano, o Papa Francisco disse que estava rezando pela população do estado. “Que o Senhor acolha os mortos e conforte as suas famílias e aqueles que tiveram que abandonar as suas casas”, disse ele.

A chuva começou na segunda-feira e deve durar até domingo. Em algumas áreas, como vales, encostas de montanhas e cidades, mais de 300 mm (11,8 polegadas) de chuva caíram em menos de uma semana, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil, conhecido pela sigla INMET, na quinta-feira.

Equipes de resgate evacuam vítima de enchente em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 5 de maio de 2024. REUTERS/Renan Mattos
Equipes de resgate evacuam vítima de enchente em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil (Renan Mattos/Reuters)

As fortes chuvas foram o quarto desastre ambiental desse tipo no estado em um ano, após as enchentes de julho, setembro e novembro de 2023 que mataram 75 pessoas.

O clima na América do Sul é afetado pelo fenômeno climático El Nino, um evento periódico e natural que aquece as águas superficiais na região do Pacífico Equatorial. No Brasil, o El Nino tem historicamente causado secas no norte e chuvas intensas no sul.

Este ano, os impactos do El Niño foram particularmente dramáticos, com uma seca histórica na Amazónia. Os cientistas dizem que condições meteorológicas extremas estão acontecendo com mais frequência devido às mudanças climáticas causadas pelo homem.

“Essas tragédias continuarão a acontecer, cada vez piores e mais frequentes”, disse Suely Araujo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, uma rede de dezenas de grupos ambientais e sociais.

O Brasil precisa se ajustar aos efeitos das mudanças climáticas, disse ela em comunicado na sexta-feira, referindo-se a um processo conhecido como adaptação.

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