O último ataque de 'Apollo Creed', o 'boxeador' mais odiado dos anos 70

A fila do cinema era o layout de um palco rainha entre vários edifícios de Alcorcón. A culpa foi de ‘Rocky’, um filme em que um homem exagerado do tamanho do Homem Geyper afirmava que um boxeador (Sylvester Stallone) batia costelas em uma sala fria e devorava ovos crus em casa. Além disso, para nos fazer abrir mais os olhos, ele prometeu que tinha um cara muito mau, de quase dois metros de altura, chamado Apolo Credo.

Bem, o pequeno fantasma estava certo, era tudo verdade. Carl Weathers está morto, mas para aqueles de nós que o viram, ele sempre foi Apolo Credouma fera malvada com músculos que nunca tínhamos visto antes, porque naquela época até caras altos como Rullán ou De la Cruz eram baixinhos com os mesmos bíceps de Pepe Sacristán.

Relembrando Carl Weathers: momentos icônicos com ‘Rocky’ e ‘Happy Gilmore’

Apolo permaneceu nas praças do bairro como um ogro, instalado nos anos 70 em um trono que só um cara gosta Falconetti, o demônio com um olho tapado que tornou a morte amarga para o jovem Nick Nolte em ‘Rich Man, Poor Man’.

‘Precisa-se de bandidos’ não é uma placa afixada em um baseado. Para promover a admiração pelo mocinho, um vilão é essencial perfeitamente como o tio da família que só lhe dava cinco duros quando você esperava vinte. Apollo se encaixava no projeto. Ele bateu, ele se gabou, ele bateu, ele dançou, Ele bateu, insultou e bateu. Ele era uma montanha de tendões, o que explicava seu passado na NFL.

Antes de ‘Touro Furioso’

Naquele corpo fibroso e brilhante, sobre o qual parecia ter sido derramado um pote de bronzeador, Ali, Frazier e Foreman pareciam ficar juntos. Com essas referências parecia impossível que Rocky Balboa, por mais ovos que quebrasse em seu abrigo, um dia derrubasse Apollo.

Como nem tínhamos visto o Toro Moreno, o saco de carne que impressiona Bogart em ‘Mais difícil será a queda’, nem Stacy Keach com suas lâmpadas e copos vazios ‘Cidade Gorda’, não é Robert de Niro com cem bifes no abdômen em ‘Touro selvagem’, ‘Rocky’ parecia uma obra-prima para nós (e que alguém se atreva a discutir isso) em que não havia razão para focar em um boxeador que não se protegeu.

A emocionante homenagem de Sylvester Stallone a Carl WeathersSylvester Stallone/IG

Visto agora, com sua coreografia de soco um tanto infantil, ainda é uma obra-prima com mil defeitos que não importam (e alguém se atreve a discutir isso). Ainda tem os bezerros, a subida de escadas, as gemas, o cunhado do Rocky, a música e claro, o Apollo.

Não eram boxeadores dignos de serem discutidos entre navalhas e tesouras na barbearia de ‘El crack’ de José Luis Garci. Porém, o charme disso é que era uma história em quadrinhos sem desenhos. Uma história com um herói pobre e um ogro rico. No meio, socos, sangue, maçãs do rosto e um agasalho cinza na Filadélfia com uma música que fazia você dar um soco na almofada.

Sylvester Stallone se despediu emocionado de Apollo Creed nas últimas horas, que à medida que a saga ‘Rocky’ progredia e degenerava, ela se tornava boa. Ele não se encaixou. O que valeu a pena para nós foi o primeiro impacto, aquela forma de vencer um Stallone ingênuo. Isso ficou conosco por toda a eternidade, como um demarraje em Alpe d’Huez. O bom e o ruim. Qualquer dia. E sem Apolo.



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